Preso na Operação Bravata tem histórico de crimes pela internet

Marcelo Valle Silveira Melo já cumpriu pena por racismo, ameaça e incitação ao crime





Marcelo Valle Melo. Foto: Reprodução Youtube

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (10) a Operação Bravata, com objetivo combater os crimes de racismo, associação criminosa, terrorismo, ameaça e incitação ao crime praticados via internet. A ação aconteceu nas cidades de Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Recife (PE), Santa Maria (RS) e Vila Velha (ES). Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão e o mandado de prisão preventiva do analista de sistema Marcelo Valle Silveira Melo.

A investigação teve início com base em fatos ocorridos após a deflagração da Operação Intolerância, em 2012. Os acusados utilizavam sites e fóruns mantidos na internet com objetivo de incentivar a prática de crimes, como estupro, assassinato de mulheres, negros e homossexuais. Também há evidências de que os investigados foram responsáveis por ameaças de bomba encaminhadas a diversas universidades do país. Essas ameaças configuram o crime de terrorismo, com pena de reclusão de até 30 anos.

Segundo a Polícia Federal, mulheres eram um dos principais alvos dos criminosos. Em entrevista coletiva, o delegado Flavio Augusto Setti – que coordena as investigações – apresentou alguns tópicos utilizados em páginas mantidas pelo grupo que incitavam o estupro de mulheres e traziam ilustradas com imagens fortes de mulheres amarradas e violentadas.

Além de Marcelo Valle Silveira Melo, detido em sua casa na capital paranaense, outros investigados foram levados à delegacia da Polícia Federal. Eles são suspeitos de serem moderadores e administradores das comunidades e fóruns investigados. Segundo Setti, as páginas eram mantidas por servidores hospedados em outros países pela deep web, também conhecida como deepnet ou undernet, que é uma parte da web que não é indexada pelos mecanismos de busca, como o Google, e portanto fica oculta ao grande público.

Histórico – O brasiliense Marcelo Valle Silveira Melo, 32 anos, tem um longo histórico de ocorrências na internet. Ele já foi condenado por racismo, intolerância e incitação a crimes. Em 2012, Melo e seu comparsa Emerson Eduardo Rodrigues foram presos na Operação Intolerância da PF, que apurou crimes de racismo e discriminação pela internet. Condenados há seis anos e sete meses, eles cumpriram parte da pena e foram colocados em liberdade, em 2015, após um induto judicial.

Antes disso, em 2005, ele publicou em um blog uma sequência de ofensas contra negros em um fórum da Universidade de Brasília (UnB) no site de relacionamentos Orkut.

Em 2015 ele foi acusado de orquestrar um ataque à uma festa de estudantes da UnB, porém o que mais causou repercussão na rede foi a criação de um blog que trazia um “guia de estupros” de alunas da Universidade de São Paulo. Em ambas as situações, os alvos de Melo eram estudantes de ciências sociais das universidades.

“Desde que os dois [Melo e Emerson] foram colocados em liberdade, passaram a surgir novas denúncias, foram surgindo novos ambientes virtuais, um retorno dos mesmos crimes com um ritmo ainda maior”, explicou o delegado Flavio Augusto Setti.

Bravata – O nome da operação deflagrada nesta quinta-feira refere-se à maneira com que os suspeitos intimidavam suas vítimas, com “ameaças de maneira insolente, fanfarrice, comportamento de quem ostenta suas próprias qualidades, ação da pessoa presunçosa, arrogante e modo de agir de quem faz alarde de uma coragem que não possui”.