Servidores da Cohab entram em greve por atraso de salário

Desde junho de 2017, o pagamento ocorreu em dia apenas em dois meses. A greve é por tempo indeterminado, até que os vencimentos sejam quitados





Funcionários iniciaram paralisação por tempo indeterminado nesta segunda-feira. Foto: Divulgação Senge-PR

Servidores da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) entraram em greve, nesta segunda-feira (11), para cobrar o pagamento de salários atrasados. Desde junho de 2017, o pagamento ocorreu em dia apenas em dois meses.

A previsão legal é de que os salários devem ser depositados no último dia útil de cada mês. No entanto, a média de atraso tem sido de 10 dias. No caso dos vencimentos referentes a maio, não foram pagos até agora.

A decisão da greve foi tomada em assembleia geral dos funcionários, na última sexta-feira (8). Os trabalhadores pretendem seguir paralisação até que os salários sejam pagos. A mobilização é resultado da ação conjunta de quatro sindicatos.

As entidades apontam o descaso da gestão Rafael Greca (PMN) com a política de habitação de interesse social. “Há um total desinteresse da gestão com a política de habitação de interesse social. Tínhamos política quando tinha recursos federais e, a partir que esses recursos ‘minguaram’, a prefeitura também lavou as mãos de suas obrigações”, aponta Valdir Mestriner, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Estado do Paraná (Sindiurbano-PR)

Para Edilene Pires da Silva Andreiu, engenheira civil da Cohab e diretora do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) a postura da prefeitura reflete um desrespeito não somente com a categoria, mas também com a população de Curitiba. “Essa postura se reflete na precarização de uma área primordial para a promoção do direito à moradia para a população”.

Atualmente, há 51 mil pessoas inscritas na fila da Cohab, pelo acesso à casa própria. Na avaliação dos sindicatos que representam os funcionários, a prefeitura se exime da responsabilidade com os salários, mesmo sendo detentora de 99% das ações da Companhia.

A paralisação da categoria também foi debatida nesta segunda-feira (11) na Câmara de Vereadores. Professora Josete (PT) fez um resgate do histórico recente da Cohab. “Vivemos um longo período sem política habitacional para a baixa renda e quando existiu foi fruto de recursos federais, especialmente nos governos Lula e Dilma, por meio do Minha Casa Minha Vida. A partir daí houve uma retomada e se criou o fundo municipal de interesse social. Porém, hoje, com o governo golpista de Temer esses recursos e projetos foram finalizados”, destacou.

Ao declarar apoio à paralisação dos trabalhadores da Cohab, a vereadora fez um apelo à prefeitura e a direção da empresa para que cumpra sua obrigação o mais rápido possível. O vereador Ezequias Barros (PRP), que foi diretor de operações da Cohab entre 2005 e 2009, também declarou apoio à greve dos funcionários da empresa.

O atraso de salários na Cohab atinge mais de 250 trabalhadores. A Companhia é responsável pela construção de cerca de 700 empreendimentos habitacionais populares, em 40 dos 75 bairros de Curitiba. No total, ao longo de 53 anos de criação do órgão, 139 mil habitações foram construídas.