Políticos tiram casquinha da Copa

Alguns buscam marcar gol; outros nem em campo se escalaram





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ESQUEMA TÁTICO | Não é novidade quem em grandes eventos, os políticos sempre tentam capitalizar ao seu favor. Seja em datas comemorativas, como Natal, Carnaval ou Ano Novo, seja em eventos esportivos como Olimpíadas e Copa do Mundo. Só que os grandes eventos também estão sujeitos a se voltar contra a classe política. É o poder das plateias. Assim aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff, vaiada e xingada na abertura da Copa do Mundo no Brasil. Ou mesmo com Temer que tentou se esconder, mas também foi vaiado na abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro.

AMARELINHA, AMARELÃO | Agora, Na Copa na Rússia, com as possíveis vaias destinadas a Putin, se cria uma oportunidade ideal para que os políticos brasileiros tentem associar o sucesso ou o fracasso da seleção canarinho com o momento do país. Contudo, muitos desses políticos têm se mostrando pernas de pau nas analogias.

PASSE ERRADO | Um dos primeiros a arriscar chute nessa linha é o presidente nacional do PSOL, o historiador Juliano Medeiros. Ele comparou a torcida que os brasileiros têm pelo jogador Sallah, que vive em uma ditadura no Egito, com os avanços sociais e leis consideradas progressistas como liberação do aborto e de drogas no Uruguai. Ora, o presidente não deve assistir futebol por não entender que Sallah é um meteoro que caiu no mundo do futebol e que foi “injustamente” tirado da final da UEFA Champions League por Sérgio Ramos. Outro ponto dessa afirmação é que se o torcedor for levar em conta a situação de seu país, provavelmente ninguém torceria para o Brasil. Mas a esquerda tem caído nessa onda de querer misturar as bolas.

 

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ZAGUEIRANDO | Outro que furou a bola é o também psolista Chico Alencar. Tentando tirar proveito da demissão do técnico da Espanha, ele tuitou: “Se a Espanha trocou de técnico a dois dias da Copa, por que Brasil não pode tirar um presidente a seis meses do fim do mandato?”. Chico Alencar está a brincar com a democracia. Agindo como aqueles dirigentes que trocam de técnico depois de três derrotas. O deputado sabe que as oportunidades de tirar Temer do poder ficaram lá trás, nos dois pedidos da Procuradoria Geral da República. Essa é uma pauta que até o PT, que alega golpe, já abandonou, mas que Alencar, “barriguelando”, traz à tona apenas para chamar atenção de sua platéia.

REPLAY | E as associações não param. Bastou o Brasil empatar com a Suíça para comentários dizendo que “levamos de 7 a 1 na educação, saúde e segurança” aparecerem, num novo velho clichê. Um pouco mais criativa foi a pré-candidata Manuela D´avila (PCdoB), informando que na Islândia – aquele país que empatou com a Argentina – uma lei obriga homens e mulheres a terem salários iguais. Já ela, se eleita, tornaria o Brasil o segundo país do mundo. Assim, de forma simples, numa canetada, ou tuitada, a discriminação salarial desaparecia. É uma proposta tão azarona, em meio a um congresso conservador, quanto a própria Islândia chegar à final da Copa.

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ELE E MAIS 10 | A Copa é tão boa para tirar casquinha, que nem Lula preso político resiste a vestir a camisa 10. Ou melhor, a 13. Com livre acesso a televisão e podendo ver todos os jogos, ele estreou nesta segunda como comentarista no programa de José Trajano, na TVT. Falou do mau jogo do Brasil, de Neymar, e alertou para o risco de tropeçar na Costa Rica. Conversa de botequim.

Mais do que isso, a página de Lula no Facebook divulgou vídeo em que associa a derrota da seleção em 2014 com os tempos de crise atuais do país. Contudo, com ele livre e retomando o poder, abre-se a janela para o renascimento da esperança. Por isso, em 2018, tanto o hexa da seleção como o tri de Lula já são realidades.

Ricardo Stuckert

PISTOLA DE FESTIM | Por outro lado, tem candidato na corrida presidencial que ainda não entrou em campo. Um caso emblemático é Jair Bolsonaro. Segundo colocado nas pesquisas, parte do seu eleitorado é constituído de conservadorismo de extrema direita, nacionalista e militarista. Um time ideal para o 4-3-3 do ufanismo. Mesmo assim, a última polêmica de Bolsonaro foi sobre um apelido de hiena dado por Marina Silva. Nada de seleção brasileira ou do cabelo calopsita do menino Ney.