“Quem irá recuperar meu desgaste público?”, questiona Gleisi após ser inocentada pelo STF

Na "capital da Lava Jato", senadora falou pela primeira vez sobre a absolvição das acusações de corrupção no âmbito da operação





Após entrevista coletiva, Gleisi Hofmann visitou o ex-presidente Lula em Curitiba. Foto: Gibran Mendes

Em seu primeiro pronunciamento após ser absolvida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) das acusações de corrupção no âmbito da Lava Jato, a senadora e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, declarou que a decisão coloca nos trilhos a questão do processo legal e do estado democrático de direito, porém não recupera o desgaste das perseguições e acusações que sofreu nos últimos quatro anos.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (21), na sede do PT de Curitiba, capital símbolo da operação que nos últimos quatro anos alçou os procuradores da força-tarefa à condição de “popstars”, a paranaense cobrou a retratação daqueles que lhe acusaram de forma infundada. “Quem cometeu erro deve pagar pelo que fez. É isso que nós do PT defendemos. Mas quem me pedirá desculpa? Quem pagará por essa desconstrução de minha imagem pública, pelas ofensas que minha família sofreu?”, questionou a petista, acrescentando que o “impacto público isso não tem recuperação”.

A senadora responsabilizou os grandes meios de comunicação de massa, em especial a Rede Globo, no processo de criminalização de sua imagem. “Informações vazavam e viraram matérias e as matérias infundadas viraram verdades. Os opositores utilizam isso para trabalhar na opinião pública. E diante de tudo isso eu não tinha o mesmo espaço para me defender na imprensa”, declarou. “Nem o benefício da dúvida foi me dado. Durante quatro anos me adjetivaram. Eu espero agora que eu possa ver os mesmos que acusavam agora usando a expressão que Gleisi Hoffmann foi inocentada pela justiça brasileira”, acrescentou.

Apesar do alívio com a decisão por unanimidade do STF, a petista declarou que sempre teve certeza do resultado. “Desde o início das acusações contra mim e ao Paulo Bernardo [seu marido e ex-ministro] eu sabia que não poderia ser outra a decisão que não a da absolvição. Eu sei o que fiz e o que eu não fiz na minha vida e uma certeza eu tenho, não cometi os crimes que me acusaram. E isso agora ficou provado”.

Para a senadora, o Supremo Tribunal Federal teve uma decisão firme em relação as delações premiadas. “O STF mostrou o óbvio. Não se pode condenar alguém sem provas. As delações são importantes para um processo judicial, mas jamais poderão substituir provas. Até as araucárias paranaenses sabiam que eu estava sendo vitima de conluio de um doleiro conhecido de longa data aqui no Paraná com um advogado que hoje tem militância política e é acusado de vender delações. Duas figuras carimbadas no processo criminal do Paraná”, declarou.

Para a presidenta do PT, seu processo tem semelhança com o que aconteceu com ex-presidente Lula. “A maioria dos processos iniciados pela Vara de Curitiba são processos com um alto grau de politização, assim foi o processo que condenou o presidente Lula. É um processo também baseado unicamente em delações. Não há uma única prova. O caso dele é mais grave, pois já executaram uma sentença e o privaram de liberdade”, concluiu.