O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahin Alzeben, e uma delegação da cidade palestina de Beitunia, que fica no centro da Cisjordândia, assinaram, na última sexta-feira (22), um acordo de cooperação e irmandade com a cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná. O ato de celebração aconteceu na Escola Zumbi dos Palmares, recém-inaugurada após funcionar por anos como uma escola itinerante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Assentamento Valmir Mota.
O acordo é fruto de uma lei municipal aprovada em maio deste ano na Câmara de Vereadores e idealizada pelo vereador Paulo Porto (PCdoB). Ele esteve em 2016 em uma missão de solidariedade com uma delegação brasileira na Palestina. A partir do intercâmbio surgiu a ideia de estreitar laços entre os países por meio de um projeto de irmandade entre Cascavel e Beitunia.
O acordo prevê convênios culturais e econômicos, troca de informações e a difusão em ambas as comunidades de obras culturais, turísticas, desportivas, políticas e sociais, entre outras ações que são os princípios que sustentam a declaração de irmanamento e projetam a aproximação entre as cidades.
“A cidade de Beitunia tem uma população que precisa do nosso sentimento, do nosso empenho e do nosso amor e, a partir de agora, os sofrimentos e as angústias daquele povo, serão as nossas angústias e os nossos sofrimentos, porque é assim que queremos olhar para o mundo”, declarou Leonaldo Paranhos (PSC), prefeito de Cascavel. A empatia, segundo Paranhos, é necessária para que se possa entender as razões da perseguição que sofre o povo palestino, “que não são apenas geográficas, mas para que lhe seja tirado aquilo que eles mais acreditam”.
Após receber envelopes contendo desenhos com mensagens de paz feitos por crianças da pré-escola, e cartas relatando a história de vida e de superação no assentamento sem-terra escritas pelos alunos do quinto ano, todas endereçadas às crianças palestinas, com expectativa de uma breve resposta, o prefeito de Beitunia, Ribhi Dola, disse que aposta no futuro próspero desta grande parceria e pediu a continuidade desta “bandeira” entregando o compromisso às futuras gerações de manterem o acordo, porque “as autoridades seguirão e o povo permanecerá”.
Segundo Dola, como o acordo está principalmente baseado nas oliveiras, principal experiência do povo palestino a ser compartilhada com a Fundação Tecnológica de Cascavel (Fundetec), demonstra que o ser humano tem amor à terra, o que dá a certeza da frutificação do compromisso. “Queremos trabalhar em conjunto para libertar a Palestina da ocupação. Não viemos aqui para aumentar inimigos de Israel. Viemos para aumentar amigos da Palestina”, garantiu o líder.
O encontro foi acompanhado por diversos membros da comunidade muçulmana e trouxe a Cascavel o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, assim como o diretor de Assuntos Internacionais da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio e Projetos Estratégicos e presidente da Sociedade Palestina de Foz do Iguaçu, Jihad Abu Ali; o vice-presidente da Sociedade Palestina de Foz, Hassan Nasse; o representante da comunidade palestina em Florianópolis, Mohamad Ali, e o diretor Institucional da Federação Árabe Palestina no Brasil, Ualid Rabah.
O embaixador, Ibrahim Alzeben, disse que a partir de hoje “as duas cidades se ajudarão mutuamente, pelo bem de todos”, o que segundo o vereador Paulo Porto, é a consolidação de um grande projeto de hospitalidade e irmandade na solidariedade. “Num momento em que o mundo cultiva o ódio e a raiva, precisamos construir pontes e derrubar muros”. Citando Mandela, Porto explicou que “ninguém nasce odiando ou amando alguém”, por isso é preciso ensinar e disseminar a cultura da solidariedade. “E hoje nossas crianças aqui estão retribuindo à altura a maneira como os palestinos nos receberam lá”, concluiu.
* Com informações do Portal do Município de Cascavel
