Soa como teoria da conspiração, mas infelizmente é guerra mesmo

O judiciário brasileiro, uma arma do imperialismo





Foto: Lula Marques / AGPT

Por Ana Carolina Dartora*

É difícil para maioria da população, compreender que Lula é um preso político, mesmo com as óbvias manipulações judicias, mais explicitas ainda no último domingo 08/07/2018, quando o juiz do TRF-4 manda soltar Lula, e começa um festival de decisões para que o habeas corpus não fosse executado, não se tem em geral percepção de que estamos num estado de exceção, porque em tese estamos em uma democracia, parece então incoerente falar em prisão política.

Associa-se prisões politicas a regimes ditatoriais, lutas armadas ou grandes revoltas contra estados autoritários, mas essa nova forma de intervenção política tem sido profícua em camuflar um esquema que vai muito além do que se imagina, por seus ares de legalidade e combate a corrupção, torna-se difícil perceber que estamos no meio de uma nova modalidade de guerra, e que o judiciário, tendo o Juiz Sérgio Moro como principal expoente, operacionaliza interesses supra nacionais. 

Apesar das vozes que gritam por intervenção militar, estamos em outro tempo, com outros sujeitos, o mundo mudou, mudaram também as possibilidades, e formas de fazer, temos um novo modus operandi e não seria razoável operar como na ditadura militar para calar vozes divergentes. 

Criou-se um novo modelo de Estado de Exceção, que não se dá pelo uso da força, mas pela manipulação do processo jurídico, ou melhor, criou-se um novo modelo, para se interferir na soberania dos países, para se roubar riquezas, para impedir movimentos anti-sistêmicos, atualizaram o colonialismo, reinventaram o imperialismo. Estamos passando por uma Guerra Híbrida.

De acordo com o jornalista brasileiro Pepe Escobar (especialista em análise geopolítica), o Brasil é vitima da chamada Guerra Híbrida, guerra Não-Convencional, que se vale de instrumentos linguísticos e simbólicos, com metodologia altamente sofisticada. Esse tipo de método utiliza “aliados internos” para consolidação do golpe, no Judiciário, entre as empresas, no Parlamento e outras estruturas do Estado. 

Essa metodologia de guerra foi desenvolvida principalmente pelos EUA, com o objetivo central de garantir os interesses do império e destruir iniciativas que não se alinhem aos seus interesses. Para Escobar, os países que compõem o BRICS (Brasil Rússia, Índia, China e África do Sul) foram os principais alvos da Guerra Híbrida, por uma série de razões de caráter geopolítico, que visa assegurar a perpetuação da hegemonia econômica, política e militar dos EUA. 

“O objetivo dos esforços dos EUA nesse tipo de guerra é explorar as vulnerabilidades políticas, militares, econômicas e psicológicas de potências hostis, desenvolvendo e apoiando forças de resistência para atingir os objetivos estratégicos dos Estados Unidos. […]. Num futuro previsível, as forças dos EUA se engajarão predominantemente em operações de guerras irregulares”. Manual para Guerras Não-Convencionais das Forças Especiais do Exército dos EUA. (IW, na sigla em inglês). (O Brasil no epicentro da Guerra Híbrida, Escobar, Outras Palavras, 2016).

Se mal se compreende que nosso Estado Democrático está profundamente abalado, como compreender essas estratégias geopolíticas que mais parecem teoria da conspiração e que operam fortemente para que isso não seja mesmo compreendido? As palavras de ordem são Soberania Nacional.

Ana Carolina Dartora é feminista negra, bacharel em História, mestre em Educação pela UFPR e militante da Marcha Mundial das Mulheres.