NAVALHA NA CARNE | Quem acompanha de perto a Vigília Lula Livre, observa que o ritmo das visitas ao ex-presidente Lula se intensificou nos últimos dias. Reflexo da proximidade do calendário eleitoral. Nesses encontros foi sendo costurada a aliança do PT com o PCdoB e a neutralidade do PSB. Tudo a luz do dia e debaixo do nariz do juiz Sérgio Moro e da mídia. Essa é a primeira incisão feita nos golpistas. Mesmo preso, Lula pode planejar os passos políticos dessa aliança sem que a imprensa pudesse contar com os corriqueiros vazamentos.
ANESTESIA | A prisão, aliás, tem sido derrotada dia após dia. Se o objetivo era tirar Lula do jogo político, o intento está fracassando. Primeiro porque Lula jamais foi abandonado por sua militância. Segundo porque mesmo preso, ele permanece com suas ideias e influência livres. Terceiro porque o “desespero” de tirar Lula da cadeia virou força. Ele “está conformado” com o sacrifício. E isso, é impossível se prender.
HEMATOMAS | Agora, ciente de que tem que enfrentar esse câncer, Lula e o PT foram cirúrgicos na última semana. Primeiro, costuraram o pacto de neutralidade com o PSB. O corte poderia não dar certo, uma vez que ambas militâncias torceram o nariz, pois teriam candidaturas indo para o sacrifício. Por mais que se deva respeitar essa indignação, a união das esquerdas passa justamente por alguém abrir mão de alguma coisa.
HEMORRAGIA | Estancada essa possível hemorragia, a próxima reconstrução foi da ligação com o PCdoB e com Manuela D’ávilla. A imprensa e Ciro Gomes – cada vez mais flertando com o eleitorado de Aécio Neves – se apressaram para mostrar o rompimento. Mas, mesmo lançando candidatura própria, Manu mostrava o desejo de estar no mesmo campo de Lula. O que ocorreu de fato no limite do prazo.
SILICONE | E o efeito prático dessa turbinada pode ser visto ao longo da segunda-feira, com o ânimo reforçado na militância. A “chapa pura” à esquerda tem potencial para buscar o voto do povo, que é o que interessa.
FISIOTERAPIA | Mas é cedo para comemorar. Ainda existem muitas fraturas e hematomas que devem ser enfrentados nos próximos sessenta dias, pois a recuperação do paciente Brasil é lenta e gradual.
