Trabalhadores dos Correios aceitam proposta, mas mantêm estado de greve

Em conciliação, TST arbitrou reajuste de 3,68%, atrelando ao INPC




FonteCinthia Alves

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os trabalhadores dos Correios do Paraná, somando-se a 37 sindicatos de todo o Brasil, votaram pela manutenção do estado de greve, com a realização de novas assembleias com indicativo da paralisação nacional no dia 14 de agosto. Eles decidiram aceitar a proposta de mediação do Tribunal Superior do Trabalho, no qual o vice-presidente do Tribunal, ministro Renato de Lacerda Paiva, a pedido da diretoria da ECT, propôs reajuste salarial de 3,68% que corresponde ao total do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a manutenção na íntegra do atual Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria.

No Paraná, cerca de 5.600 trabalhadores dos Correios estavam dispostos a paralisar as atividades a partir das 22h de ontem, somando-se aos 106 mil funcionários da estatal no Brasil. Mais da metade são carteiros, cujo salário base é em torno de R$ 1.600. O reajuste proposto significa algo em torno de R$ 58 no salário base e R$ 44 mensais no vale alimentação.

O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Marcos Rogério Inocêncio (China), ressalta que os trabalhadores dos Correios necessitam de aumento real, principalmente, após a imposição de cobrança de mensalidade e aumento da coparticipação no plano de saúde, imposta pelo TST em março. Essa cobrança tanto para funcionários como para dependentes, tem comprometido 70% da renda dos trabalhadores. Muitos – já são mais de 14 mil funcionários – estão abandonando o plano para depender exclusivamente do SUS.

“Consideramos lamentável que uma empresa rica como os Correios continue a ameaçar os trabalhadores com retirada de direitos e reajuste salarial rebaixado para nos fazer acreditar que qualquer migalha ofertada já é uma conquista.  A estratégia dos políticos que dirigem a ECT foi ameaçar os trabalhadores com ataques que retiravam direitos históricos da categoria, como diminuição no número de vale alimentação, aumento de jornada de trabalho sem pagar hora extra, extinção do vale cultura e vale cesta natalina, entre outros benefícios, para depois ofertar a manutenção de direitos e reposição das perdas inflacionárias, levando os trabalhadores a acreditar que mantendo tudo como está já é uma vitória. Isso é um engodo”, afirmou China.

Os trabalhadores continuam a negociar com a empresa para conseguir aumento real e o atendimento à pauta de reivindicações que coloca como discussão central a cobrança abusiva na mensalidade e coparticipação do plano de saúde, o sucateamento da empresa, fechamento de agência, extinção de cargos, terceirização da mão de obra e falta de concurso público.

“Nossa campanha é, sobretudo, pela recuperação dos Correios como empresa pública e contra a privatização, para podermos continuar a ofertar cidadania e dignidade a todos os municípios do Brasil, seja pelos serviços postais, bancários, seja pelo pagamento de benefícios sociais, entrega de remédios, vacinas, livros didáticos, enfim, queremos continuar a prestar um serviço social onde nenhuma outra empresa ou banco tem interesse em atuar”, destacou China.