Bancários garantem 5% de reajuste e manutenção de direitos

Categoria consegue aumento real maior que a média dos acordos fechados no primeiro semestre e a manutenção de todas as cláusulas da CCT




FonteCUT

JAILTON GARCIA/CONTRAF-CUT

Em meio a uma das conjunturas mais difíceis para a classe trabalhadora brasileira, com uma reforma trabalhista que precariza as condições de trabalho e ataca a organização sindical, os bancários e bancárias garantiram uma proposta de acordo válida por dois anos, com a manutenção de todas as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e reajuste de 5% em 2018 – aumento real de 1,18%, além da reposição total da inflação (INPC) mais 1% de aumento real para salários e demais verbas em 2019.

Conquistado após muita luta e mobilização da categoria, o reajuste é maior do que a média dos acordos coletivos fechados no primeiro semestre deste ano. Levantamento feito pelo Dieese, que pesquisou 2.896 acordos entre janeiro e junho, mostra que 78% deles tiveram aumento real e a média foi de 0,94%. O percentual de 1,18% conquistado pelos bancários incidirá em todas as verbas, como gratificações, vales alimentação e refeição, auxílio-creche, participação nos lucros e resultados (PLR).

A proposta final, que também garante a manutenção dos acordos específicos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, será levada às assembleias pelos sindicatos da categoria de todo o País na próxima quarta-feira (29). O Comando Nacional dos Bancários orienta pela aprovação da proposta.

“Em tempos de golpe e retirada de direitos, que buscam o enfraquecimento da classe trabalhadora, os bancários conseguiram garantir, na mesa de negociação, aumento real maior e todos os direitos da CCT. É uma vitória da estratégia que traçamos na Conferência Nacional dos Bancários de antecipar a negociação e garantir a manutenção da Convenção para todos”, avalia Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e representante do Comando Nacional dos Bancários.

Segundo ela, a unidade nacional, entre trabalhadores de bancos públicos e privados, sai fortalecida. “Foi uma campanha dura, num ano difícil que, juntos, conseguimos transformar em oportunidade. Os trabalhadores de bancos públicos são os únicos das empresas públicas que têm garantido aumento real nessa conjuntura adversa de ataque ao patrimônio público e de privatizações”, ressalta.

Dentre os inúmeros prejuízos causados pela reforma trabalhista, feita sob medida para agradar o setor patronal que patrocinou o golpe e cobrou a fatura da classe trabalhadora, está o fim da validade dos acordos e convenções coletivas até que um novo seja firmado, a chamada ultratividade.

“O Comando, em estratégia acertada, antecipou a Campanha Nacional devido ao fim da ultratividade, que no caso dos bancários é dia 31 de agosto”, explica a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.

“O Comando também tinha o objetivo de manter a mesa única, entre bancos públicos e privados, e garantir os direitos dos acordos específicos de bancos. Alcançamos o objetivo e ainda mantivemos os direitos dos trabalhadores hipersuficientes [que ganham a partir de R$ 11.291,60], resguardando assim as conquistas da CCT para cerca de 90 mil bancários que se enquadram nessa condição”, completa Ivone, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

Se a proposta for aprovada pela categoria, o acordo será assinado nesta sexta-feira (31) e a primeira parcela da PLR será paga no dia 20 de setembro.