Beto Richa foi preso por organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro

Prisão temporária partiu de colaboração premiada de Tony Garcia que detalhou a corrupção no programa Patrulha do Campo





Foto de Orlando Kissner

A prisão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), sua esposa, Fernanda Richa, seu irmão, Pepe Richa, além do primo Luís Abi Antoun só foi possível a partir de colaboração premiada realizada pelo ex-amigo dele, Tony Garcia. O pedido de prisão temporária por cinco dias é justificado para apurar a formação de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro dentro do programa Patrulha do Campo, criado em 2011, no primeiro governo do tucano.

No pedido de prisão que o Porém.net teve acesso, o Gaeco afirma que a ideia era fraudar a licitação, de modo que as empresas que fizessem parte do esquema criminoso se
tornassem vitoriosas, beneficiando os empresários com o desvio de verbas públicas por meio de contratos superfaturados, que então repassariam propina aos agentes do governo como contraprestação. A estimativa do projeto era de R$ 72.190.004,40.

No esquema, o então governador Beto Richa havia indicado seu ex-secretário de cerimônias, Ezequias Moreira, seu irmão e Secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, Pepe Richa, e o ex-Chefe de Gabinete do Governo, Deonilson Rodo, para receber o dinheiro da propina. Já os empresários Osni Pacheco e Celso Frare cuidavam de orientar a elaboração do processo de licitação de modo a beneficiar suas empresas.

Feito o acordo, as empresas Cotrans Locação de Veículos, Ouro Verde Transporte e Locação e Terra Brasil Planagem, que entrou depois no esquema, ganharam a licitação realizada pelo DER, subordinado a Pepe Richa. O acordo criminoso implicava na obrigação dos empresários beneficiados na licitação de repassarem 8% (oito por cento) do faturamento bruto aos agentes públicos integrantes do esquema, a título de propina, como revela diálogo entre os empresários Celso Frare, Osni Pacheco com Pepe Richa.

CELSO: Dez por cento (10%) sobre o líquido. Se a patrulha é duzentos e vinte e dois, o líquido é duzentos. Então oito por cento (8%) sobre duzentos e vinte e dois seria… Cento e setenta e sete e dez por cento (10%) sobre o líquido…

CELSO: PEPE, PEPE, escute aqui, vamos ser objetivos aqui. Todo mês eu dou o valor dos oito por cento (8%) sobre o bruto. Projeto político nosso. Cinquenta por cento (50%) tem que entregar todo mês. Pra quem que entrega isso?

PEPE: Podemos combinar.

PEPE: Entregue pro NECO…

OSNI: Nós não queremos entregar, né CELSO… se o menino
entregar pro NECO…

CELSO: Não, não, já tá bem claro. Uma coisa é oito por cento (8%) sobre o líquido… Qualquer coisa, não vamos submeter isso aí.

Fernanda Richa no esquema
Para a denúncia do Ministério Público do Paraná, a esposa do governador Beto Richa participou ativamente na lavagem de dinheiro obtido via propina por meio da compra e venda de imóveis obtidos pela família.

“A empresa Ocaporã Administradora de Bens, cuja responsável é Fernanda Richa, adquiriu o lote nº 18, situado no condomínio Paysage Beau Rivage, mediante permuta com 2 (dois) terrenos localizados no Alphaville Graciosa, ocultando-se a parcela em dinheiro que teria sido paga (em torno de R$ 900.000,00)”, aponta a denúncia.