Pais de estudantes do CEP exigem mais informações da direção sobre obras no colégio

Estudantes serão remanejados para outras quatro instituições durante as reformas. Pais querem uma nova assembleia até o dia 28





Tombado como patrimônio histórico, o CEP passará por uma primeira grande intervenção em seu prédio histórico. Foto: Julio Carignano

Pais de estudantes do ensino médio do Colégio Estadual do Paraná (CEP) estão exigindo uma assembleia extraordinária com a direção da instituição para maiores esclarecimentos sobre as obras de reforma e restauro do prédio do colégio, o maior e um dos mais antigos do Estado. Construído em 1950 e tombado como patrimônio histórico, o CEP passará por uma primeira grande intervenção em seu prédio histórico, que fica ao lado do Passeio Público, no centro de Curitiba.

O projeto, que segundo a Fundepar demorou dois anos para elaboração, prevê a restauração do prédio principal, a renovação das partes elétrica e hidráulica, reforma e modernização dos elevadores e a criação de novas adaptações de acessibilidade no edifício. O paisagismo também será modificado para que retorne ao modelo original, da época da construção.  Em abril deste ano, a governadora Cida Borghetti (PP) já havia autorizou uma reforma mo ginásio do CEP, obra no valor de R$ 1,68 milhão com prazo de entrega para 10 meses.

Grande parte dos alunos do CEP serão remanejados durante o período de obras para outras quatro instituições: o Colégio Est. Amâncio Moro (Jardim Social), Colégio Est. Tiradentes (Centro), Instituto de Educação do Paraná (Centro) e Colégio Est. Conselheiro Zacarias (Alto da Glória). A previsão de entrega das obras é de dois anos e o início deve ocorrer no início de dezembro.

As tratativas entre a direção do colégio e a Secretaria Estadual da Educação (SEED) estão acontecendo desde o anúncio da reforma, porém os pais informam que só receberam a informação sobre os locais que irão abrigar os estudantes em 2019 recentemente por meio de uma nota divulgada na rede social do colégio. Além disso afirmam que as primeiras informações oficiais recebidas só aconteceram no último dia 21 por meio de uma assembleia.

Em documento à direção, os pais pedem outra reunião em caráter urgente até a próxima quarta-feira, dia 28. Apesar de entenderem a necessidade da obra, eles alegam poucas informações e falta de transparência, especialmente nas questões de logística e do remanejamento do estudantes durante o período da obra, o que alterará a rotina das famílias, estudantes e professores do colégio. Outra preocupação que os pais é relativa as atividades extracurriculares ofertadas não somente para alunos, mas também para a comunidade.

Na nota da direção do CEP, publicada em rede social, é informado que “parte dos estudantes permanecerá com suas atividades escolares no prédio do colégio durante o período das obras, com os devidos cuidados em relação a segurança, por meio de isolamento da área”. Já a quantidade de salas, ensalamentos e demais especificidades serão divulgadas no decorrer da semana. A direção ainda garante que o esquema logístico montado não irá prejudicar a vida escolar dos alunos.

Empresa vencedora

Segundo o Governo do Paraná, serão destinados R$ 20,9 milhões para a obra. A licitação aconteceu no dia 18 de julho na sede do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), em Curitiba. A concorrência pública Nº 122/2018, para reformas e reparos no colégio, foi vencida pela Construtora & Incorporadora Squadro Ltda, com sede no bairro Ahu, em Curitiba.

No ano passado a empresa esteve envolta em polêmica diante de uma reportagem da revista IstoÉ. A reportagem, de fevereiro de 2017, apontava que empresa teria como um dos sócios o empresário Paulo Octávio, ex-senador e ex-governador do Distrito Federal, preso em 2014 por suspeita de participar de um esquema de corrupção de agentes públicos para concessão de alvará.

A matéria informou que o ministro da Saúde Ricardo Barros preferiu fazer um contrato de R$ 31,2 milhões sem licitação para locação do prédio do empresário a fim de abrigar a nova sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na mesma reportagem é citado que em 2014, Paulo Octavio destinou recursos para a campanha de Cida Borghetti, esposa de Barros e então vice na chapa do ex-governador Beto Richa (PSDB). Além disso, a matéria apontava que a empresa também fez doação de campanha para Juliano Borghetti (PP) tanto a deputado estadual em 2010, como ao cargo de vereador em Curitiba, em 2008.

Em nota de resposta à IstoÉ, Ricardo Barros informou que Paulo Octavio, apesar de atuar no ramo de empreendimentos imobiliários, nunca foi sócio da Construtora Squadro. A íntegra da matéria IstoÉ pode ser conferida no link: https://bit.ly/2AlzSYH

Quadro Negro

Em julho deste ano, o Ministério Público do Paraná instaurou inquérito para apurar possíveis fraudes na execução de outra obra do CEP. A investigação é um desdobramento da Operação Quadro Negro e refere-se a um contrato firmado em 2013 entre a SEED e a empresa Aghora Ltda no valor de R$ 244 mil para reparos no colégio. Um aditivo no valor de R$ 168 mil foi firmado entre a Secretaria e a empresa no ano seguinte.

Quando da instauração do inquérito, a Secretaria da Educação informou por meio de nota “que foi a primeira a investigar os indícios de disparidades em medições de obras de escolas”. Além disso, ressaltou quem “foi aberta auditoria interna para apuração da situação e os dados foram então encaminhados à Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Contas, para que cada órgão tomasse as providências cabíveis”.