O velho (de) novo

Ademar Traaiano (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM) emplacam terceiros mandatos na presidência de legislativos





Foto: Sandro Nascimento/Alep

O primeiro dia de fevereiro mostrou uma evidência que o brasileiro insiste em não acreditar ou reconhecer: o velho (de) novo continua no poder brasileiro. O eleitor, de novo, caiu no papo em outubro do ano passado de que o velho seria varrido do comando nacional. Novamente, foi iludido por achar que mudar algumas peças do tabuleiro pode mudar a forma de se jogar o jogo. Mas, tal qual a clube de futebol que todo ano usa a velha tática de lançar uma camisa nova, na política, se trocam gravatas e saias, mas se mantém o modo de operação.

Claro, não significa que o velho é necessariamente ruim. Tampouco que o novo seja bom. Na eleição da Assembleia Legislativa, por exemplo, cheia de caras novas, o escolhido da vez é um velho conhecido dos paranaenses: Ademar Traiano (PSDB). Para quem não é muito familiarizado, ele é responsável pela frase “vamos votar, as bombas são lá fora, não aqui dentro” durante o Massacre de 29 de abril de 2015 que aprovou o saque de recursos da ParanáPrevidência. Bom, isso é passado. Agora é uma nova conjuntura e o importante é que Traiano emplaca o seu terceiro mandato à frente do legislativo estadual, empatando com seu colega Valdir Rossini, três vezes presidente da Casa, mas atrás de Hermas Brandão e Aníbal Khury. Sabe como é, já que tá acostumado com a cadeira mesmo. Para que renovação? Se bobear, daqui dois anos ele engata uma renovação com seu nome de novo.

O mesmo caso acontece no legislativo federal. Após suceder Eduardo Cunha, o deputado carioca Rodrigo Maia (DEM) está indo para seu terceiro mandato como presidente. Durante a eleição, o discurso dos bolsonaristas destacava que ele era a representação da velha política. Já os petistas e a esquerda diziam que Maia era parte do golpe. Agora, mesmo diante de novos nomes como Marcelo Freixo (PSOL), os parlamentares da esquerda (16 petistas votaram em Maia) à direita, passando pelo repaginado centrão, optaram por reelegê-lo com votação que não deixa dúvidas.

Enfim, como foi dito acima, nem todo novo é necessariamente bom. Como nem todo velho é necessariamente ultrapassado. Isso pode ser visto nas manobras que ocorrem para a adiada eleição da presidência do Senado. Na disputa entre o lendário Renan Calheiros (MDB) contra Davi Alcolumbre (DEM), o que se pode ver são velhas táticas para manipular a opinião pública e o modelo de votação que possa favorecer uma candidatura. Ganhe quem ganhar, com pleito já questionado no STF, o novo presidente do Senado já nascerá com práticas velhas.