Oscar premia inclusão e diversidade

Green Book, Roma e Bohemian Raoshody abordam homossexualidade, negros e etnias





O filme mexicano levou melhor diretor, filme estrangeiro, roteiro original e concorreu a melhor atriz. Foto: Divulgação Netflix

A noite do Oscar 2019 foi um deleite para os defensores de direitos humanos. O evento não foi marcado por protestos e discursos contra isso e contra aquilo. Pelo contrário, os vencedores se dedicaram a agradecer familiares, equipes e amigos. O único discurso com viés político mais enfático coube ao diretor de “Infiltrado na Klan”, Spike Lee, afirmando que os EUA estão próximos de uma eleição presidencial e que os norte americanos devem pensar com carinho em seu voto.

Desabafo dentro de um Oscar que premiou homossexuais, negros, feministas e estrangeiros. Melhor dizendo, de um Oscar que aplaudiu histórias humanas.

A noite teve grandes e pequenos vencedores. Entre os grandes estão os aplausos para a diversidade. Em “Bohemian Rhapsody” e “Green Book”, a glória máxima. O filme que conta a história do Queen e do vocalista Freddie Mercury terminou a noite com três estatuetas. Entre elas, a de melhor ator para Rami Malek. Ele destacou a dificuldade e superação para fazer Freddie, declaradamente homossexual, além do fato de Rami também ser filho de imigrantes.

Em importância não fica atrás Green Book, que levou Oscar de melhor filme da noite, melhor roteiro original e de ator coadjuvante. A história narra a relação entre um pianista negro e homossexual, Don Shirley, e de seu motorista italianão tosco e racista pelo sul dos EUA. A interpretação de Mahershala Alino, ganhador de melhor ator coadjuvante, com certeza alçou o filme ao patamar máximo da premiação. De forma suave e até cômica, a obra mostrou como o pianista podia superar o preconceito por ser negro, “branco na formação musical” e homossexual.

Embora Green Book tenha desbancado um grande filme produzido pela Netflix, “Roma” não deixou de levar suas estatuetas. O filme mexicano dirigido magnificamente pelo diretor mexicano Alfonso Cuarón, levou melhor fotografia, filme estrangeiro e diretor. Mais do que isso, teve a “audácia” de concorrer ao melhor filme do ano contando uma história de uma empregada indígena (Yalitza Aparicio, que concorreu a melhor atriz) em uma casa de classe média administrada por uma mãe diante da ausência proposital do pai. Diante de tantas hipóteses que o filme aborda, o empoderamento feminino também está lá. Agora, o que consagra mais Cuarón é vencer em meio a tentativa do presidente Donald Trump de construir um muro na fronteira com o México.

Para o Oscar, a cultura e a arte não tÊm etnia, gênero, nem raça. Supera obstáculos.

Assim como se superou os curtas “Bao”, que narra a história de uma mãe japonesa e o zelo por seu filho, e o “Period. End of sentence”, que discute o direito à menstruação na Índia, uma obra declaradamente feminista. Ainda teve destaque “Pantera Negra” e Lady Gaga em um Oscar para todos.