Cerca de 200 indígenas de comunidades do Sul e Sudeste montaram um acampamento na manhã desta quinta-feira (28) na Praça Nossa Senhora Salete, em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo estadual em Curitiba. Eles protestam contra a proposta de municipalização da saúde defendida pelo governo Bolsonaro. O temor das comunidades é que o atendimento fique ainda mais precarizado, já que as prefeituras têm menos recursos e equipes para fazer o serviço.
Atualmente o atendimento é da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde. Diante disso, a semana de mobilização nacional está buscando apoio de prefeitos e governadores para se posicionarem contra a proposta do governo federal.
Os protestos na capital do Estado reúnem indígenas das etnias Guarani,Xetá, Kaingang e Xokleng. Os atos foram iniciados com a ocupação da sede da SESAI em Curitiba, no bairro Vila Isabel. No dia seguinte os indígenas ocuparam o prédio do Ministério Público, no centro da cidade. Nesta quinta-feira eles decidiram transferir o acampamento para frente da sede do governo estadual.
Pela manhã lideranças do acampamento reuniram-se com Daniel Villas Boas, chefe de gabinete do governador Ratinho Jr e com secretário de Estado da Comunicação Social e Cultura, Hudson José. Eles se comprometeram a encaminhar ao Ministério da Saúde um documento do governador reiterando que o atendimento à saúde permaneça sob responsabilidade da SESAI.
Estava agendada para a tarde desta quinta-feira (28) uma audiência do ministro da Saúde Luiz Mandetta com lideranças indígenas de vários estados. Andreia Takua Fernandes, cacique da aldeia Tupã Nhe Ekretã, de Morretes, no Litoral, e presidenta do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), representa as regiões Sul e Sudeste no encontro.
Os conselhos são responsáveis por enviar as demandas das comunidades para a Sesai, e para os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). A fiscalização das benfeitorias e dos atendimentos, bem como a discussão da política nacional de saúde também acontecem por meio dos conselheiros.
Segundo Marciano Rodrigues, liderança Guarani do Norte Pioneiro, os indígenas estão fazendo articulações com associações municipalistas para evitar mudanças na política de saúde indígena, que leva em consideração especificidades culturais dos povos. O cacique Kretã Kaingag afirmou que o acampamento em frente ao Palácio Iguaçu permanecerá até que os indígenas sejam ouvidos pelo ministro Luiz Mandetta.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que eventuais mudanças no desenvolvimento das ações da Sesai ainda estão em fase de estudo e que não ocorreria descontinuidade na assistência prestada atualmente as comunidades indígenas.
