Cooperativa do MST entrega mais de 90 toneladas de alimentos em escolas no Oeste do Paraná

De abril de 2018 a fevereiro deste ano, foram entregues mais de 90 toneladas para mais de 50 colégios estaduais de Cascavel




FonteGeani Paula de Souza

Padaria da COPCRAF, em Cascavel. Foto: Indianara Maia

Em seus 35 anos de lutas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem como uma de suas bandeiras a produção de alimentos saudáveis. Esse é um dos princípios da Cooperativa de Produção e Comercialização da Reforma Agrária e Agricultura Familiar (COPCRAF), do município de Cascavel, no Oeste do Paraná.

Fundada em 2001 por famílias reassentadas do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), a cooperativa foi reorganizada em 2016 pelos agricultores assentados da reforma agrária da região. Sua criação partiu da necessidade das famílias comercializarem a sua produção.

“As famílias tinham dificuldade em comercializar sua produção, principalmente através dos mercados institucionais, no caso da alimentação escolar. Em Cascavel havia apenas uma associação de pequenos agricultores que excluía a participação das famílias assentadas da reforma agrária”, disse Eduardo Rodrigues, da coordenação do setor de produção do MST na região.

Hoje a cooperativa conta com mais de 100 sócios, distribuídos em nove assentamentos da região de Cascavel. São camponeses da reforma agrária e da agricultura familiar, cuja parte da produção é comercializada pela COPCRAF através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para o Governo do Estado do Paraná.

De abril de 2018 a fevereiro deste ano, a cooperativa entregou mais de 90 toneladas de alimentos para a alimentação escolar, em mais de 50 colégios estaduais de Cascavel.

Ao todo são 49 variedades de produtos como hortaliças, tubérculos e panificados. Destes, destacam-se 18 produtos da utilização de práticas agroecológicas, sem a utilização de venenos e com certificação pela Rede Ecovida de agroecologia.

“Quando se inicia o trabalho da cooperativa, nós avançamos bastante. Embora seja apenas um ano entregando para o PNAE estadual, este período tem sido fundamental para proporcionar condições para nossas famílias se estruturarem nos lotes”, avalia Eliane Balbinoti, sócia da cooperativa.

Agroindústrias

A organização da produção tem favorecido o surgimento de outras iniciativas que podem avançar mais as famílias assentadas, como as agroindústrias. Nelas há a produção de mandioca, como no assentamento Jangadinha, e outros em construção, como as padarias no assentamento Olga Benário, no Santa Terezinha e no Valmir Mota.

Dos 92.695 kg de alimentos entregues às escolas estaduais do município de Cascavel, 12.751 kg são de pães caseiros e mais de 9 mil kg de cucas (bolo inspirado em receita  tradicional da cozinha alemã).

“Visualizando as demandas que temos, só no PNAE já conseguiríamos trabalhar na construção de novas padarias e mais agroindústrias. É o que a gente quer, agregar valor em nossos produtos e ver os assentados trabalhando nos lotes e gerando renda”,  afirma Balbinoti.

Crescimento da Cooperativa

Produção em assentamentos do oeste do Paraná. Foto: Indianara Maia

O planejamento da cooperativa para este próximo semestre só tende a crescer, uma vez que parte da produção dos cooperados é destinada para a alimentação escolar estadual. Atualmente há vários projetos em andamento, como a alimentação escolar do município, o armazém do campo e o projeto de agricultura urbana.

“Quando reorganizamos a COPCRAF, já tínhamos claro que ela não poderia servir apenas para comercializar apenas para a alimentação escolar; ele este deveria funcionar apenas como um incentivo e uma possibilidade de organizarmos a produção das famílias. Agora podemos avançar para outros mercados e até tentar a venda direta ao consumidor local”, enfatiza Rodrigues.

Além dessas vendas, a cooperativa sinaliza também a viabilidade para a construção de agroindústrias de beneficiamento com o intuito de agregar valor aos alimentos e gerar mais trabalho e renda para as famílias.

“A perspectiva é de cada vez mais melhorar os nossos produtos e a qualidade, e a gente viver da terra, do lote sem depender de sair para fora para trabalhar”, diz Balbinoti.