Bolsonaro trai manifestantes e veta COAF com Moro

Governo impede "destaque" que devolvia órgão ao Ministério da Justiça





Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) traiu os manifestantes que foram às ruas no dia 26 de maio. Ele enviou carta aos senadores solicitando que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras seja mantido no Ministério da Economia. No domingo, os bolsonaristas reivindicavam que o órgão ficasse com o ministro da Justiça Sérgio Moro. O retorno do órgão à Economia havia sido promovida na Câmara dos Deputados.

Já no Senado, o governo mudou completamente o discurso. O líder do governo,  Major Olímpico (PSL/SP), orientou os governistas a votarem contra “destaque” dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede/AP) e Álvaro Dias (Podemos/PR) que devolvia ao Ministério da Justiça o setor, ignorando as mais de 250 mil assinaturas que pediam esse destino.

Em defesa do “destaque”, o senador Álvaro Dias reforçou que atendia ao apelo das ruas e que pretende entrar na justiça contra a decisão do Senado. O paranaense ainda disse que o órgão ficaria pouco tempo com o ex-juiz, uma vez que Bolsonaro já o indicou antecipadamente para o Supremo Tribunal Federal (STF).

O governo, por outro lado, foi contra o destaque por motivos fisiológicos. A posição foi assumida porque em caso de mudança da decisão da Câmara, a MP 870/2019 retornaria à Casa com prazo muito curto para ser aprovada até 3 de junho. Com isso, a estrutura federal retornaria ao estabelecido pelo presidente Michel Temer (MDB), com 22 ministérios. Entre eles, o da Cultura e do Trabalho.

Contudo, a estratégia definida após a trapalhada governista não foi combinada com os bolsonaristas. Os senadores mencionaram que o presidente incentivou a rebeldia popular a pedir o COAF com Moro e não contou que o tempo para isso era curto. “O major Olímpio e o povo estão engolindo um sapo”, destacou o senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE).

A traição também foi tema do senador Randolfe. “O governo incentivou manifestações que tinham como uma das principais pautas que o COAF ficasse com o Ministério da Justiça. Agora, por conveniência, um acordo de bastidores, o presidente diz outra coisa”, esclarece. O senador ainda criticou a aliança do PT com o PSL: “Ver PT e PSL juntos, lutando no Senado pra manter o COAF longe de Moro, é daquelas coisas que não tem preço”, ironizou.

Após os debates, os senadores decidiram que o COAF vai ficar com o Ministério da Economia. Foram 30 votos a favor do texto mandando o órgão para Moro e 48 votos contra o retorno do COAF ao ministro Moro.