Nova previdência é aprovada pela velha política

Rodrigo Maia conduziu votação enquanto deputados do PSL faziam "selfies" e "lives"





Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

O texto base da reforma da previdência foi aprovado com vasta folga na Câmara dos Deputados. Eram necessários 308 votos, mas o governo conseguiu 379 apoiadores. Entre eles, muita gente do PDT e PSB, partidos de esquerda. A goleada da “nova previdência” foi garantida por dois três fatores: pelos votos do bom e velho centrão, pelo desgastado, mas eficaz toma lá dá cá das emendas parlamentares e pelo protagonismo do presidente Rodrigo Maia.

PRIMEIRO MINISTRO | A larga aprovação da previdência tem um grande responsável: Rodrigo Maia. Ao anunciar o resultado, ele foi aplaudido pelos deputados e se emocionou. O “primeiro ministro” articulou emendas, reuniu bancadas, dialogou com partidos e parlamentares. Fez política por um projeto enquanto o presidente Jair Bolsonaro dizia que não era tarefa dele, mas do Congresso aprovar a PEC 6/2019.

“Nossos líderes são desrespeitados, são criticados de forma equivocada, mas são esses líderes que estão fazendo as mudanças no Brasil. O “centrão”, que ninguém sabe o que é, mas é o “centrão” que está fazendo a reforma da Previdência”, disse Maia.

Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

PARANAENSES VOTAM | 24 deputados federais do Paraná votaram a favor da reforma da previdência. O estado tem 30 parlamentares. Isso representa 80% dos votos. No estado, Aliel Machado (PSB), Ênio Verri (PT), Gleisi Hoffmann (PT), Gustavo Fruet (PDT), Luciano Ducci (PSB) e Zeca Dirceu (PT) votaram contra o texto base. Eles seguiram a orientação de seus partidos. Confira a lista de votação. 

TRAÍRAM OS TRABALHADORES | Embora os deputados paranaenses tenham sido fiéis a indicação de seus partidos. O mesmo não ocorreu em cenário nacional com o PSB e o PDT.  8 dos 27 deputados brizolistas votaram favoráveis à reforma. Entre esses, Tábata Amaral, que corre o risco de ser expulsa. No PSB, 11 deputados de 32 desrespeitaram a orientação partidária. Já o PT, PSOL, PCdoB, Rede e PMN foram unânimes contra a reforma.

VOTARAM COM O MERCADO | Daqueles que aprovaram o texto, os 100% vieram, principalmente de MDB de Michel Temer, DEM de Rodrigo Maia, PTB de Roberto Jefferson. No PSL, 53 deputados votaram a favor e teve apenas uma ausência. Já os tucanos deram 28 votos e apenas 1 não.

ME ENGANA QUE EU GOSTO | A deputada Tábata Amaral votou a favor da reforma e usou a educação como argumento favorável. “Meu voto pela Reforma da Previdência não foi vendido, é por convicção. Aqui na Câmara, a bancada da educação continua lutando pela manutenção da aposentadoria especial dos professores”. Só que o Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, por 265 votos a 184, a emenda que excluía os professores das mudanças da reforma.

7 ANOS A MAIS | Com a rejeição, as professoras da rede básica de ensino público vão trabalhar sete anos a mais para se aposentar. A regra atual permite elas se aposentarem com 50 anos. Com a PEC, a aposentadoria mínima saltaria para 57 anos. Para os homens, saltou de 55 para 60 anos.

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E OS MILITARES ? | Os militares saíram da PEC 6/2019 e ficaram em um projeto a parte. É o PL 1645/2019.  Agora se confirma a previsão lá de trás de que isso era um jeitinho da velha política para que a aposentadoria deles não tramitasse na mesma velocidade dos brasileiros. O PL está parado desde 29 de maio, quando Rodrigo Maia criou uma comissão especial para avaliar o projeto.

É O VELHO JEITINHO | O PT e o Psol vão ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a liberação de R$ 1 bilhão em emendas aos parlamentares. É o que informa o deputado Paulo Pimenta.