Muito mais que futebol: Aberta a Taça das Favelas Paraná 2019

Paraná recebe pela segunda vez uma edição da competição. Pontapé inicial foi neste sábado (20) na Vila Olímpica





Partida entre Pilarzinho e Parolin abriu o torneio. Foto: Joka Madruga

O Estádio da Vila Olímpica do Boqueirão, em Curitiba, foi palco neste sábado (20) da abertura da Taça das Favelas do Paraná 2019. Organizada pela Central Única das Favelas (CUFA) desde 2012, a competição é conhecida como o maior torneio de futebol amador entre comunidades do mundo, mobilizando milhares de jovens com idade entre 14 e 17 anos.

Em sua segunda edição no Paraná, o torneio objetiva a inserção por meio do esporte, a integração entre comunidades e a projeção de futuros talentos para o futebol profissional. “A taça é uma oportunidade de ressignificação do indivíduo e de fortalecimento dos territórios das favelas”, comenta José Antonio Campos, o Zé da Cufa, coordenador-geral da CUFA Paraná. “Essas garotas e garotos são apaixonados por futebol. Onde tiver um espaço eles jogam. Na areia, na grama, na rua. É muito bacana eles estarem aqui num campo de um time profissional, com seus familiares presentes, com olheiros, com torcida organizada, com toda essa atmosfera”, acrescenta.

Cerimônia de abertura da Vila Olímpica. Foto: Joka Madruga

A cerimônia de abertura contou com a presença das delegações das 20 equipes participantes, sendo 16 masculinas e quatro femininas. A disputa do campeonato é no formato mata-mata. As equipes masculinas estão divididas entre Curitiba e Colombo, com oito times de cada cidade. São formados quatro grupos de quatro times cada. As equipes femininas, por sua vez, jogam entre si para decidir a campeã.

Garotas deram o pontapé inicial

Os times femininos do Barcelona Parolin e Operário Pilarzinho deram o pontapé inicial à competição. A primeira partida foi com muita emoção e decidida nas cobranças de penalidades. Com a bola rolando, as garotas do Pilarzinho pressionaram e tiveram mais oportunidades, mas o placar ficou zerado. Já na “loteria” dos pênaltis, o Parolin foi mais eficiente e venceu por 4 a 2, garantindo vaga na final.

“Temos tanto talento quanto os homens”. Flavia Cogrossi. Foto: Julio Carignano

Como a craque Marta na Copa do Mundo Feminina em junho deste ano, as jogadoras aproveitaram a oportunidade para pedir mais incentivo e valorização ao futebol feminino. “É preciso mais competições e torneios de futebol feminino. É preciso mais visibilidade. Temos tanto talento quanto os homens”, destaca a meia Flavia Cogrossi, de 23 anos, uma dos destaques da equipe do Operário.

Em meio a comemoração da classificação, Jhaner Ribas também desabafou. “Tem um monte de menina que quer jogar bola, ser alguém na vida no futebol. Não são só os homens que têm bola no pé, tem muita mulher que sabe seu lugar. O meu é aqui no campo”, disse a atacante do Parolin.

Jhaner Ribas: “Não são só os homens que têm bola no pé. O meu lugar é aqui no campo”. Foto: Julio Carignano

Goleadas em família

Após a classificação das garotas do Parolin, o primeiro dia de competição seguiu com outras quatro partidas da categoria masculina. No mata-mata da chave dos times de Curitiba, quatro equipes avançaram para a próxima fase. Na primeira partida bastante equilíbrio na vitória pelo placar mínimo do Tanguá Pilarzinho diante do time da Vila Leonice. O gol decisivo foi do jovem Vinicius Cordeiro.

Nas duas partidas seguintes, duas goleadas. O time do Leões do Futuro de Paranaguá aplicou 4 a 0 no Mutirão. Na sequencia, o União Ouro Fino goleou por 4 a 1 a equipe do Moradias Cajuru. A segunda decisão por pênaltis aconteceu na última partida do sábado. Após empatarem por 1 a 1 no tempo normal, Operário Pilarzinho e Jardim Jatobá decidiram a classificação nas penalidades. Melhor para o Pilarzinho que venceu por 6 a 5.

Ana Cristina e Leticia: mães de atletas do Tanguá. Incentivo na arquibancada. Foto: Julio Carignano

Entre os intervalos das disputas, vencedores e vencidos comemoraram e lamentaram os resultados com os familiares, principais incentivadores. “O sonho dele é esse [ser jogador] e o torneio é um incentivo a mais. Estamos aqui para apoia-lo”, diz Leticia Carvalho Dubiela, mãe de Kewin, 15 , zagueiro do Tanguá. “É uma oportunidade maravilhosa, é preciso mais oportunidades como essa”, completa Ana Cristina Barros, mãe de Leonardo, 17, que também atua no Tanguá.

Tiago Rodrigues, morador da comunidade de Ilha Valadares, em Paranaguá. Foto: Julio Carignano

Jogando desde os 9 anos no Leões do Futuro, Tiago Rodrigues atua como volante e é um dos destaques do time de Paranaguá. Ele participa pela primeira vez de uma edição da Taça das Favelas. “Isso aqui abre uma janela enorme, é uma vitrine”, diz o jovem de 17 anos morador da comunidade da Ilha dos Valadares.

 


Confira abaixo a programação das próximas rodadas da Taça das Favelas. 

27 de julho | 2ª rodada
Local: Campo União Guaraituba
Horário: 9h

3 de agosto | 3ª rodada
Local: Operário Pilarzinho Esporte Clube
Horário: 9h

10 de agosto | Final
Local e horário a confirmar.

Mais informações no site: http://tacadasfavelas.com.br/ ou pela página do torneio: https://www.facebook.com/TacaDasFavelas.Pr/

Confira abaixo mais imagens da abertura feitas pelo repórter fotográfico Joka Madruga.