O sonho de quem achava que o ex-presidente Lula ia “morrer em Curitiba”, como queriam os extremistas de direita, acabou. A transferência dele para São Paulo autorizada hoje (07) pela juíza Claudia Lebbos retira da Capital da Lava Jato o seu maior troféu. Segue o Fio da Meada.
MAIOR VITÓRIA | O ápice da Lava Jato foi a prisão de Lula na Superintendência da PF, em Curitiba. Para os lavajatistas, eram o fim do filme com a vitória do juiz Sérgio Moro sobre seu maior adversário. Lula seria trancafiado e esquecido.
RESISTÊNCIA | Exatamente 1 ano e quatro meses depois de sua prisão, após uma eleição presidencial, abandono de Moro da magistratura e a Vaza Jato, Lula deixará Curitiba mais forte de quando chegou. A sua resistência, dos seus advogados, da militância e da Vigília Lula Livre mostram que o verdadeiro mito segue vivo.
CUSTO ALTO | Lula não é mais um hóspede desejado. A própria juíza deixou claro isso em seu despacho. “A situação ora verificada tem trazido, a cada dia, contínuo e crescente prejuízo ao interesse público, com o emprego de recursos humanos e financeiros destinados à atividade policial na custódia do apenado”.
ACAMPAMENTO | A constatação é dada após diversos embates com a Vigília, Prefeitura de Curitiba, MPF e sociedade curitibana. Ao longo desses 16 meses muitos episódios de confronto e violência foram registrados. Mas Lula ainda valia o sacrifício.
CANSANDO | A ponto de a justiça ir tentando, a todo custo, impedir as manifestações de apoio ao ex-presidente.
MANOBRAS | Nesse período, a Lava Jato obteve diversas vitórias na batalha contra Lula, como impedir sua liberdade e suas entrevistas. Manobras que mais tarde foram reveladas pela Vaza Jato.
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JUSTIÇA POLÍTICA | A história de Lula em Curitiba começa a mudar a partir de dois grandes fatores: quando Moro aceitou virar ministro da Justiça, reforçando a tese da defesa de ser juiz político; e a Vaza Jato, do Intercept, que revelam os métodos da Força Tarefa.
CERCO | As últimas revelações de que Dallagnol partiu pra cima do STF mostram o enfraquecimento dos procuradores e que o troféu não brilha mais tanto. Lula tem virado um elefante na sala.
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DEIXA FALAR |Tanto que a decisão da juíza de hoje é dada uma semana após o próprio TRF-4 questionar as limitações das visitas a Lula, como mostra o Conjur.
SE VÁ | Esse é um ponto crucial. Os políticos e a militância não abandonaram Lula, como imaginou Moro e os extremistas. Então, melhor é mandá-lo embora. “Não se nega que muitos dos custos envolvidos com a custódia do apenado serão transferidos juntamente com eventual deslocamento do executado”, se livra Lebbos.
MEDALHA | A decisão, contudo, tem uma “malandragem” e uma pirraça. Diante da possibilidade de Lula ser solto pelo STF, a malandragem é em não permitir que ela saia livre de Curitiba. Essa é a medalha de lata da juíza. Já a pirraça é não ter permitido sala maior ao ex-presidente em seu despacho, como protesta a defesa:
“A decisão negou os pedidos ao ex-presidente Lula o direito a Sala de Estado Maior. A Defesa tomará todas as medidas necessárias com o objetivo de restabelecer a liberdade plena do ex-Presidente Lula e para assegurar os direitos que lhe são assegurados pela lei e pela Constituição Federal”.
PONTOS CORRIDOS| Independente disso, a realidade mostra que a República de Curitiba tirou a mão do troféu e que a partida ainda está em aberto.
