O Paraná pede socorro aos paranaenses

Ratinho ignora a opinião pública, como se a ela não devesse satisfações





Fórum lançado no fim de agosto inicia mobilização em defesa da empresa paranaense. Foto: Manoel Ramires

Por Enio Verri*

O Paraná pede socorro aos paranaenses. Vinte anos depois e um lucro de R$ 1,1 bilhão, no primeiro trimestre de 2019, demonstram que Jaime Lerner sempre esteve errado em suas justificativas para tentar vender a Companhia Paranaense de Energia (Copel). Porém, ela está sob a mira de mais um governo liberal e, para dizer o mínimo, criminoso. O governador, Carlos Massa Ratinho Júnior, colocou à venda a empresa Copel Telecom, cujo lucro, no primeiro semestre de 2019, foi de R$ 70 milhões.

Um governo passageiro, que não apresenta motivos razoáveis, pretende vender, como se sua fosse, a instituição paranaense que, em 2018, foi a operadora de banda larga mais bem avaliada do Brasil, está presente em mais de 80 cidades do Paraná, distribuiu conexão com fibra ótica para os 399 municípios do estado, é superavitária, estratégica e pertence a toda sociedade paranaense.

Já em 2018, os empregados da empresa lançaram um manifesto denunciando o andamento silencioso de um plano de venda de ativos. Recentemente, o presidente da empresa, Daniel Slavieiro, durante reunião na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), disse que já tem o sinal positivo do BNDES de vender sua participação na Copel Telecom.

Mesmo sem um único argumento que se sustente, Ratinho ignora a opinião pública, como se a ela não devesse satisfações, e tenta levar à frente uma inciativa já rechaçada pela população, que sabe muito bem a quem pertence a empresa.

Porém, a reação deve ser à altura, pois Júnior pretende entregar ao mercado financeiro a líder de banda larga no estado. Os paranaenses devem se perguntar se uma empresa privada, de energia elétrica e de telecomunicações, investiria em municípios onde, a princípio, não tem lucratividade. O estado investe em lugares remotos para que ali também possa florescer o desenvolvimento econômico, social, tecnológico, político. As pessoas têm o direito ao acesso à energia elétrica e à comunicação.

A Copel Telecom está presente em mais de 2,2 mil escolas e nas sete universidades estaduais. Apenas para o Executivo, a empresa fornece 3,3 mil acessos à banda larga de alta velocidade. A Copel Telecom é estratégica e, também, é de muitíssimo interesse do mercado financeiro. As empresas vão pegar, a preço de bananas, uma estrutura muito bem montada, com um corpo técnico do mais alto padrão profissional, e passarão a controlar, e não mais o Estado, dados pessoais e sensíveis dos contribuintes.

A sociedade paranaense deve atender ao chamado do Fórum Paranaense em Defesa da Copel Telecom, lançado em 30 de agosto, para somar forças e resistir contra mais essa ofensiva do mercado de papel sobre direitos básicos. A resistência deve ser diária. As instituições envolvidas no processo de venda da empresa devem ficar cientes de que a sociedade está atenta e forte e não vai permitir que esse patrimônio, de todos os paranaenses, seja desfeito.

*Enio Verri é economista e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do Paraná.