Bolsonaro mantém relação de ódio e dinheiro com a imprensa

FIO DA MEADA: Um terço dos ataques foram realizados pelo Twitter





Foto: Marcos Corrêa/PR

Não é novidade que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) escolheu a imprensa como inimigos de seu governo. Diariamente ele ataca a imprensa independente, jornalistas e colunistas e veículos de comunicação. O confronto mais recente é com a Folha de São Paulo.

O presidente não só suspendeu a assinatura da Folha como autorizou a retirada do jornal da lista dos veículos que devem ser monitorados – por clipping – pelo governo. Bolsonaro ainda sugere que anunciantes aliados deixem de publicar no jornal, assim como fizeram com a Globo.

A retaliação não é apenas contras as empresas de comunicação. Ela abrange jornalistas também, de acordo com levantamento da FENAJ. 111 ocorrências foram contabilizadas pela Federação neste ano. A última atualização em novembro contou 12 vezes em que Bolsonaro tenta descredibilizar o jornalismo.

“Para a FENAJ, os ataques de Jair Bolsonaro à imprensa são uma forma do presidente incitar seus seguidores a não confiarem no trabalho jornalístico”, aponta nota.

Confira um desses recentes ataques: “Um novo site aí, o Vortex, concorre com o Brasil 247, para ver qual é o mais de esquerda que o outro, prega isso”. O presidente se referia a informação de que ele prepara uma minirreforma ministerial.

De acordo com Paula Zarth Padilha, diretora da Fenaj, “os ataques desmedidos ao trabalho jornalístico são também ataques à democracia. Um chefe de Estado deveria fortalecer os valores do direito à informação”.

E o que não falta são “valores” para Bolsonaro. Sua estratégia se baseia em atacar inimigos, dar grana para veículos aliados e usar as redes sociais licitamente e, supostamente, com as milicias digitais.

Dados obtidos pela Folha no TCU revelam que embora a Globo tenha a maior audiência,  a Record ficou com 44,5% das verbas publicitárias e o SBT, com 37,4%. Ou seja, o ódio de Bolsonaro é só a quem o critica. Quem o elogia se dá bem financeiramente.

A mesma estratégia de amor e ódio se dá nas rede sociais. O presidente, ou o filho dele, bloqueia jornalistas e todos aqueles que o incomodem no Twitter. O problema é que Bolsonaro usa a ferramenta como comunicação oficial. Um desses bloques ocorreu com a jornalista Vera Magalhães.

De acordo com o relatório da FENAJ, 41 desses ataques aconteceram apenas pelo Twitter. Isso as claras, sem contar os robôs que defendem o presidente na rede. Mas, para o procurador-geral da República, Augusto Aras, nada é anormal.