Trump mata para sufocar impeachment e iniciar campanha pela reeleição

Autores de "Como as democracias morrem" alertaram para o uso de guerras para controlar a agenda doméstica





Donald J. Trump. Foto: Faruk Pinjo/Fórum Econômico Mundial/Fotos Públicas

assassinato do líder das Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Suleimani,  ordenado pelo presidente miliciano ianque Donald Trump é uma rajada política tempestiva e calculada. Analistas internacionais apontam para ação militar mais tensa desde a morte do terrorista Osama Bin Laden, elevando a possibilidade de uma guerra ou contra ataque igualmente violento.

O tiro de Trump não foi no escuro. Ao autorizar a morte do líder iraniano sem justificativa real para uma ameaça aos EUA, o presidente americano acerta em cheio o pedido de impeachment que é  alvo no Senado. Mais do que isso, já engatilha sua espingarda para a reeleição. 

Embora o pedido de impeachment tenha passado com relativa facilidade na Câmara dos Deputados dos EUA, a folgada maioria no Senado já dava tranquilidade para que Trump se esquivasse de perda de mandato por pedir a Ucrânia que investigasse o ex vice-presidente Joe Binden, e tentar obstruir a denúncia. Por lá, o pedido deve ser engavetado ou tramitar em passe de tartaruga.

Agora, tudo muda de figura com o ataque ao Irã que, entre outros, anunciou nova descoberta de petróleo. Trump, com o assassinato, muda a agenda no país e se fortalece para a disputa eleitoral.

No livro “Como as democracias morrem”, os autores mostram como um presidente autoritário, no caso, Trump, age para tirar proveito máximo das suas ações. “Nosso temor é que, se tiver de enfrentar uma guerra ou ataque terrorista, Trump explore a crise para atacar seus oponentes políticos e restringir as liberdades que os norte-americanos dão como certas”, preveem em 2018 sobre o “ditador eleito”. E acertam na mosca.

Autores mostram o risco de Trump entrar em guerra apenas para conter ameaças internas

Bolsonaro cattle

Assim como o eleitorado do presidente Jair Bolsonaro passa pano para a questão do fundo eleitoral, aceitando a desculpa de que ele poderia sofrer processo de impeachment, o presidente do Brasil assume postura de cattle ao se alinhar automaticamente a Trump na questão com Irã. Não bastaram a traição na questão da OCDE e do embargo ao aço para trazer mais prudência ao governo brasileiro. Bolsonaro correu para dizer “i love U” a Trump e o país corre o risco de ficar contra quem compra nossa carne.