MPF denuncia Gleen e hackers por Vaza Jato

Jornalista foi denunciado sem ser investigado pela PF





Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Spoofing, denunciou nesta manhã (21) sete pessoas por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades brasileiras. Entre elas, o jornalista Gleen Greenwald, do site The Intercept Brasil, responsável pela série de reportagens Vaza Jato. O norte americano foi denunciado sem sequer ser investigado pela Polícia Federal, de acordo com determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

O procurador do MPF que assina a denúncia, Wellington Divino de Oliveira, afirma que Greenwald ‘auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões’. O procurador já havia denunciado o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, por criticas ao ministro Sérgio Moro. O caso rejeitado pela Justiça.

De acordo com o MPF, a denúncia relata que a organização criminosa executava crimes cibernéticos por meio de três frentes: fraudes bancárias, invasão de dispositivos informáticos (como, por exemplo, celulares) e lavagem de dinheiro.

Para a denúncia contra o jornalista, ocorre que, durante a análise de um MacBook apreendido – com autorização da Justiça – na casa de Walter Delgatti, foi encontrado um áudio de um diálogo entre Luiz Molição e Glenn. “Greenwald, diferentemente da tese por ele apresentada, recebeu o material de origem ilícita, enquanto a organização criminosa ainda praticava os crimes”, aponta o MPF.

O procurador ainda afirma que o jornalista orientou os hackers com o objetivo de lucrar com as denúncias. “De forma livre, consciente e voluntária, auxiliou, incentivou e orientou, de maneira direta, o grupo criminoso, DURANTE a prática delitiva, agindo como garantidor do grupo, obtendo vantagem financeira com a conduta aqui descrita”, aponta o procurador Wellington Divino de Oliveira.

A denúncia contra o jornalista sem que ele seja investigado acontece um dia após o ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmar que a série de reportagens é ‘bobagerada’. O ex-juiz reforçou a tese de que não reconhece os diálogos e que as conversas não revelam nenhuma ilegalidade em sua conduta.

Para especialistas, a denúncia é uma intimidação ao trabalho jornalístico. Trata-se de mais um caso “de convicção sem provas”. Para Augusto de Arruda Botelho, advogado criminalista, um dos fundadores do IDDD (@DireitodeDefesa) e conselheiro da Human Rights Watch (@hrw_brasil), “a denúncia é um absurdo”.

Para a jornalista Amanda Audi, uma das repórteres da série, “A imprensa precisa se manifestar EM VOZ ALTA sobre a denúncia contra @ggreenwald, denunciado pelo MPF sem sequer ser investigado. SEM UM INDÍCIO DE IRREGULARIDADE. Não importa se você não gosta do Intercept. É um atentado gravíssimo contra a liberdade de imprensa e a democracia”, escreveu em sua conta no Twitter.

Em nota, o Intercept Brasil afirma que “os diálogos utilizados pelo MPF haviam sido analisados pela PF e não imputou qualquer conduta criminosa e que não é possível identificar a participação moral e material do jornalista Gleen Greenwald”.

Confira abaixo a denúncia:

TARJADAdenuncia spoofing