Bolsonaro dá metade do orçamento de 2020 para os ricos

LOA prevê R$ 1,9 trilhão para pagamento da dívida pública





Foto: Alan Santos/PR

O mercado financeiro não tem o que reclamar do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (sem partido). Pouco importa seus ataques às minorias, à imprensa ou a forma como protege aliados e filho de acusações de corrupção. O importante é que ele vai destinar aos ricos nada mais do que 50,7% de todo o orçamento para 2020. Maior percentual entre os últimos presidentes.

De acordo com a LOA, o pagamento da dívida pública, que soma rolagem, juros, amortizações e despesas financeiras vai atingir R$ 1,92 trilhão em 2020. Mais da metade de R$ 3,6 bilhões destinadas para o ano. Para se ter ideia do índice, em 2013, no governo de Dilma Rousseff (PT), o orçamento executado pela União em todas as áreas chegou a R$ 1,7 trilhão, segundo o Sistema Siga Brasil, do Senado.

O percentual de Bolsonaro destinado ao mercado é muito superior a Dilma e Michel Temer (MDB). Em 2018, o presidente destinou R$ 1,06 trilhão para a dívida pública, o que representava 40,66% do orçamento. Em 2017, o percentual foi de 39,7%. Já em 2016, 43,94%. Em 2015, os recursos para dívida foram de 42,43% em um orçamento total de R$ 2,26 trilhões.

A tendência pró-mercado já havia acontecido no primeiro ano de Bolsonaro. Ele destinou R$ 997 bilhões ao pagamento da dívida pública, segundo o site “Auditoria Cidadã”. Para Maria Lucia Fattorelli, Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, a crise econômica foi fabricada para expandir o mercado e retirar direitos sociais.

Ela lembra que a Emenda Constitucional 95/2016, a “PEC do Fim do Mundo”, estabeleceu teto de gastos somente para as despesas primárias, deixando fora do teto os gastos financeiros com a chamada dívida pública e com as empresas criadas para operar o esquema da “Securitização de Créditos Públicos”.

Não foram os gastos sociais ou os gastos com a manutenção do Estado que produziram a crise, mas esses têm sido o alvo das medidas adotadas para contorná-la. É incontestável o tremendo privilégio do Sistema da Dívida, que tem transformado o Estado brasileiro em um instrumento a serviço do poder financeiro transnacional, às custas do atraso de nosso próprio desenvolvimento socioeconômico”, avalia Fattoreli.