Com alta da inflação, trabalhadores têm perdas em negociações

Apenas 20,9% dos reajustes de janeiro de 2020 resultaram em ganhos reais





Petroleiros em greve no ano passado. Foto: Arquivo Gibran Mendes/CUT

É negativo o saldo das negociações dos trabalhadores em 2020. Apenas 20,9% dos reajustes de janeiro de 2020 resultaram em ganhos reais. O mau resultado se deve ao aumento da inflação no período, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).  Para os trabalhadores que têm data-base em janeiro, a inflação praticamente dobrou nos últimos dois anos.

O quadro mostra uma inversão na remuneração dos trabalhadores. Se em janeiro de 2019, 71,6% das negociações obtiveram ganhos acima do INPC, para 2020, esse número caiu para 20,9% de ganho real. Já o cenário de perdas saltou de 9,6% em 2019 para 55,4% em 2020.

A grande diferença está na inflação. A data-base de Janeiro de 2020 fechou com 4,48% no acumulado de 12 meses. O índice em 2018 e 2019, equivalia a 2,07% e 3,43%, respectivamente, de acordo com o INPC-IBGE.

 

O cenário de perdas pode se manter para os meses de 2020 se a inflação seguir subindo. No mês de janeiro de 2020 o Índice Nacional de Preços ao Consumidor INPC apresentou variação percentual acumulada em 12 meses de 4,30%. É este índice que conta para as negociações que têm data-base para fevereiro de 2020.

Em janeiro de 2020, o custo do conjunto de alimentos essenciais subiu em 11 capitais. Em 12 meses, entre janeiro de 2019 e o mesmo mês de 2020, todas as cidades acumularam alta.

Amostragem
Até o momento, foram captados 148 reajustes de janeiro de 2020, diante de 2.672 de janeiro de 2018 e 2.235 reajustes de janeiro de 2019 – algo entre 6% e 7% do painel analisado nos anos anteriores. O setor que acumula mais perdas é dos químicos e farmacêuticos com 75% das negociações abaixo do INPC