“Lavo minhas mãos”

A reedição de Pilatos em tempos de Corona




FonteSilvia Valim*

Foto: Blog Edir Macedo

A imprensa séria e comprometida se faz cada vez mais necessária. Os veículos alternativos e independentes ganham cada vez mais força. Nunca se procurou tanto fontes críveis de informação.

Esse vírus é ainda mais devastador do que se imagina. E dizem que a imprensa está apavorando a população: longe disso, acredite. Veja os números de países de primeiro mundo como Itália e Espanha.

Eu ajudo:
-> Espanha tem mais de 40 mil infectados e já registra mais de quinhentas mortes por dia. Total até agora: 2.800 mortes.

-> Itália tem 50 mil infectados e registra mais de 700 mortos por dia.
Total de mortes até agora: 7000.

São fatos.

O que o presidente do Brasil fez em seu último pronunciamento foi uma reedição de Pôncio Pilatos no julgamento de um judeu. Deixa para o povo a decisão, liberta-se da culpa da catástrofe econômica prestes a ocorrer e com isso alega ter tomado uma decisão. O famoso “lavo minhas mãos”.

Deixou a população ainda mais dividida, a esmo, vivendo um verdadeiro ensaio sobre a cegueira, só que com mais videntes do que na versão de Saramago.

E se você acha que minha analogia é descabida, saiba que é melhor do começar a teorizar que tudo isso é um golpe para dizimar os aposentados do Brasil e aliviar o INSS, porque parece.

Então, você, não culpe uma classe que só quer informar a população sobre os cuidados necessários para sua sobrevivência. Estamos todos no mesmo barco. Alguns em lanchas, outros em caravelas, é certo. E qualquer desequilíbrio e eles viram!

Sim, lave suas mãos, mas não saia agora de cena (nem de casa) como faz Bolsonaro diante da crise. Arregace suas mangas e exija seu direito de ter educação, compreender o macro e ser governado com capacidade. Esse confinamento não deve ser em vão. É tempo de refletir!

Não é tempo de guerra nem de sacrificar um batalhão para proteger outro colocando em risco milhões nas ruas em prol da economia: nem mendigos, nem banqueiros, nem cristãos, nem ateus. Hoje somos todos iguais e merecemos viver.

Economias são reerguidas. Ressuscitados hoje só existem com desfibriladores e tubos de oxigênio e nossos hospitais não comportam 200 milhões desses.

* Silvia Valim é jornalista, professora universitária e micro-Empreendedora Individual.