EaD: Governo Ratinho expõe estudantes a mensagens de suicídio e pornografia

Governo ignorou alertas feitos pela APP-Sindicato e por especialistas em educação




FonteAPP-Sindicato

Governo Ratinho expõe estudantes a mensagens de suicídio e pornografia. Foto: Divulgação

As primeiras horas de funcionamento do projeto do governo Ratinho Junior para transferir as aulas presenciais da rede pública estadual para o ensino a distância, durante a pandemia da Covid-19, já comprovam os alertas feito pela APP-Sindicato, de que a proposta não daria certo. Estudantes estão sendo expostos a todo tipo de mensagem inadequada, inclusive de conteúdo pornográfico e de promoção ao suicídio.

Exemplos do problema foram registrados em Londrina, no aplicativo Aula Paraná, e viraram destaque em um portal de notícias da cidade. De acordo com a reportagem (clique aqui), os pais estão indignados e já impediram seus filhos de acessar o chat da plataforma. Ainda segundo o jornal, o caso foi denunciado ao Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente do Ministério Público de Londrina.

Na avaliação do presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, não existe como a ideia do governo dar certo. “A realidade dos estudantes da rede pública é muito diversa. Além disso, o ensino a distância não é indicado para o ensino de crianças e adolescentes, pois não oferece condições nem para a aprendizagem adequada, nem para o desenvolvimento humano dessa faixa etária”, explica.

Segundo ele, o governo está se aproveitando da pandemia para iniciar um processo de privatização da educação pública. Hermes cita como exemplo o projeto de lei elaborado pelo governador para extinguir e terceirizar os cargos dos funcionários que trabalham nas escolas e todos os ataques que Ratinho tem feito contra os(as) professores(as).

Propaganda x realidade

Enquanto isso, em uma rede social, o secretário da Educação, o empresário Renato Feder, divulgou um vídeo sobre o aplicativo Aula Paraná. Segundo ele, os estudantes poderiam tirar dúvidas com seus professores “exatamente como é na escola”. A propaganda, no entanto, é impossível de ser cumprida, pois o governo obrigou, a partir de hoje (6), 54 mil professores e funcionários de escola a tirar licença especial por 90 dias.

De acordo com a secretária Educacional da APP-Sindicato, Taís Mendes, esse regime especial de educação precisa da aprovação de cada diretor de escola e, por isso, os pais podem e devem se manifestar contra.

Ela esclarece que o Sindicato defende a reposição das aulas realizada em sala aula, após o término do isolamento social. “A APP-Sindicato defende a universalidade, a equidade e a qualidade pedagógica do processo ensino-aprendizagem, com atendimento à diversidade das nossas escolas e dos nossos estudantes, mas o ensino à distância não atende a esses princípios”, explica Taís.

Assembleia Legislativa

A bancada de oposição na Assembleia Legislativa (Alep) apresentou hoje (6) um projeto de lei que proíbe o ensino à distância na rede estadual de ensino do Paraná. A proposta foi apresentada no mesmo dia que a Secretaria Estadual de Educação começou a implementar o ensino à distância para mais de 1 milhão de estudantes das escolas públicas do Estado.

Segundo o líder da oposição, deputado Professor Lemos (PT), a medida do governo é “impraticável” e foi executada de forma “improvisada”, sem discussões com professores, funcionários de escolas e equipe pedagógica.

“O ensino à distância, nas escolas estaduais, é impraticável atualmente no Paraná. O governador colocou em licença prêmio, de forma forçada, 48 mil de um total de 65 mil professores, que não terão a obrigação de acompanhar os estudantes. Quem vai auxiliar os alunos neste período? É um absurdo”, destacou Lemos.

O parlamentar ainda demonstrou preocupação com a parcela dos estudantes que não possuem acesso à internet e equipamentos, como celular e computador, para acompanhar as aulas online.

“Nem todos os alunos têm acesso a celular ou computador para aulas à distância. Nestes casos, o secretário da Educação propõe que o estudante compareça na escola para buscar o material a cada 15 dias. Mas não tem transporte escolar neste período. Além disso, em um momento que a recomendação é o isolamento, como será feita a recepção destes adolescentes pelos funcionários das escolas?”, questionou.

Lemos defendeu a revogação da medida. “Dá para repor as aulas, sim. Sou professor há mais de 30 anos. Já fiquei perto de 96 dias sem aulas e foi possível repor todo o conteúdo quanto as aulas presenciais retornaram”.