Falatório: Veja o que disse Moro ao romper com Bolsonaro

Ao se despedir do governo, Moro disse que PT deu autonomia a PF que Bolsonaro tenta tirar




FontePor Phil Batiuk

Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

“Não tenho como persistir com o compromisso que assumi sem que tenha condições de trabalho, de preservar a autonomia da Polícia Federal pra realizar seus trabalhos, ou sendo forçado a sinalizar uma concordância com uma interferência política cujos resultados são imprevisíveis”, afirmou o agora ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública.

Também ex-Juiz Federal de Primeira Instância, Sergio Moro falou por cerca de 40 minutos em entrevista coletiva à imprensa, citando grande preocupação com o Estado de Direito no país. Ele ainda irá encaminhar, até segunda-feira, carta oficial de demissão.

Com os olhos vermelhos e ora marejados, Moro apontou que, desde 2014 no decorrer da Operação Lava-Jato, preocupa-se com possível interferência do governo em investigações de nível federal:

“O governo da época tinha inúmeros defeitos, mas foi fundamental na manutenção da autonomia da Polícia Federal, que ilustra a importância da garantia da MANUTENÇÃO do estado de direito (rule of law)”.

O ex-juíz deu a entender em vários momentos que sua saída tem relação direta com as tentativas de Bolsonaro em interferir em investigações contra seus filhos e aliados, citando a decisão do Presidente de mudar a estrutura do COAF, órgão responsável por investigar lavagem de dinheiro, além de “processos no STF” e a interferência do mandatário nas superintendências da Polícia Federal em Rio de Janeiro e Paraíba, ambas as quais realizaram recentemente operações contra milícias – algumas das quais teriam, supostamente, ligações com os Bolsonaro.

O presidente me disse mais de uma vez que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, colher informações, relatórios de inteligência e, realmente, não é o papel da PF prestar esse tipo de informação”.

Moro continuou: “As investigações têm que ser preservadas: imagine se na Lava-Jato a então Presidente Dilma ou Luís ficassem ligando pra colher informações sobre as investigações em Curitiba. A aplicação da lei seja a quem for é um valor fundamental que temos que preservar dentro de um estado de direito“, concluiu.