A crise causada pela pandemia da covid-19 exacerbou as relações de desigualdade existentes no país e o emprego doméstico foi afetado diretamente. Isso ocorre tanto pelas características da ocupação quanto pela forma como o vírus atinge as relações de cuidados e afazeres domésticos no país. As mais atingidas foram as empregadas domésticas negras. Veja no FIO DA MEADA.
HERANÇA | Uma pesquisa aponta que a pandemia colocou no centro da discussão as condições precárias em que vivem as domésticas e as dificuldades que enfrentam para a realização de suas atividades profissionais. Historicamente, o trabalho doméstico é uma atividade realizada principalmente por mulheres negras, conservando a tradição do passado escravocrata ainda hoje presente no Brasil.
EFEITO | E a pandemia atingiu em cheio aquelas que têm origem em segmentos sociais vulneráveis, pertencentes a grupos raciais marginalizados e precariamente ocupadas, sofrendo as consequências da crise de forma mais acentuada.
MARGINALIZADAS | O estudo mostrou que entre as mais atingidas pelos efeitos da covid-19 estão aquelas que se caracterizam por altos níveis de informalidade, baixos salários e desproteção social e sindical
1a MORTE | Vale resgatar que o primeiro caso de óbito causado pela covid-19 no estado do Rio de Janeiro – e um dos primeiros no país – foi o de uma trabalhadora doméstica remunerada, que contraiu o vírus de sua patroa recém chegada de uma viagem à Itália.
MAIORIA | Em 2018, havia no país 6,23 milhões de pessoas ocupadas na atividade, segundo dados da PnadC. Desse total, apenas 457 mil eram homens e 5,77 milhões eram mulheres, ou seja, as mulheres correspondiam a 92,7% da categoria. Do total de trabalhadoras, 3,75 milhões eram negras e 2,018 milhões não negras
JORNADA DUPLA | Além da elevada participação na renda domiciliar, 45,0% das trabalhadoras domésticas são chefes de domicílios, proporção que varia enormemente de acordo com a situação de pobreza da trabalhadora.
DESEMPREGO | O DIEESE observou queda de 385 mil pessoas ocupadas como domésticas no primeiro trimestre de 2020, em comparação ao trimestre imediatamente anterior. Desse total, 254 mil postos de trabalho perdidos são de trabalhadoras sem carteira assinada e 130 mil, das com carteira.
EXPOSIÇÃO | As trabalhadoras que não foram dispensadas também correm risco de se contaminar, já que, em geral, se deslocam de transporte público para o trabalho e exercem atividades que requerem contato próximo com pessoas, como cuidados com crianças e idosos, além da realização de compras em estabelecimentos comerciais.
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