Vida dos trabalhadores só piorou após o impeachment

Sem golpe, Brasil seria 27% mais rico, avalia economista ligado a FHC





Rio de Janeiro - Manifestantes fazem ato a favor do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff, contra a corrupção e em apoio à operação Lava Jato, na praia de Copacabana (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Um dos motivos alardeados para a derrubada da presidente Dilma (PT) é de que a vida ia melhorar para os brasileiros. Mas não foi o que aconteceu para os trabalhadores. Pelo contrário. Eles perderam empregos e renda. É o que aponta o Boletim Conjuntura do DIEESE. Já outra pesquisa mostra que o Brasil poderia estar 27% mais rico sem o golpe. É o que vamos ver neste FIO DA MEADA.

DESEMPREGO CRESCE | Dados do IBGE mostram que o número de desempregados cresceu 90% de 2014 para 2019: saltou de 6,7 para 12,6 milhões. Já os desocupados saltaram de 6,8%, em 2014, para 11,9%, em 2019, alta de 75%.

SEM DIREITOS | O país ainda viu aumentar as pessoas que trabalham por conta própria. Mas ser “empreendedor” não trouxe a “independência” vendida pelo discurso neoliberal. Dos 24,2 milhões de autônomos, 80% “não tinham CNPJ, proteção trabalhista ou ainda, em muitos casos, não contribuíam com a previdência”.

SEM GRANA | Se em cinco anos, as coisas ficaram mais caras, o mesmo não aconteceu com a renda dos trabalhadores. Ela cresceu apenas R$ 10 em cinco anos, chegando a R$ 2.371,00 por mês. Pior do que isso: 105 milhões tinham renda de 1,4 mil enquanto que 2 milhões, o extrato mais rico do país, fatura R$ 17,3 mil mensais em 2019.

NA CONTA DO SEU JAIR |Já a pandemia e um governo contra os trabalhadores agravaram ainda mais essa crise. As medidas de Jair Bolsonaro (sem partido) refletiram em 19 milhões de trabalhadores afastados, sendo 9,7 milhões que deixaram de receber remuneração.

ONDE ESTÃO | A pandemia ainda acaba mascarando os números, pois muitos brasileiros que perderam o emprego, e estariam procurando uma nova vaga, não saíram para buscar ocupação, desaparecendo da estatística, alerta o DIEESE.

SÓ PERDAS | Isso sem contar a “deterioração das condições do mercado de trabalho, vem crescendo a informalidade, impulsionada pela crise e pelo ambiente de desregulamentação que se instalou desde o impeachment de 2016”.

ATÉ TU | Aliás, até economistas ligados aos tucanos já admitem que a vida dos brasileiros só piorou. É o caso de Luiz C. M. De Barros, @lcmbarros, que foi foi diretor do Banco Central, Presidente do BNDES e Ministro das Comunicações no governo FHC. É dele as aspas a seguir:

ERAM FELIZES | “Sem golpe, sem Lava Jato e sem neoliberalismo, Brasil seria hoje 27% mais rico. Estudo feito pela consultoria MB Associados aponta que o Brasil teria mais R$ 1,8 tri em seu PIB se tivesse mantido a média de crescimento anterior a 2014”.

ERA FAKE | Ele complementa: “Ano em que Dilma passou a ser sabotada pela Lava Jato e pela direita no Congresso, que decidiu golpeá-la para aplicar um choque neoliberal”.

EMPACOU | Vamos ver isso em dados? O Brasil está saindo do grupo dos 10 países mais industrializados do mundo. A crise da indústria é anterior à pandemia. Em 2019, a produção industrial no Brasil já tinha diminuído 1,1% em relação a 2018. O patamar de produção industrial de 2019 foi semelhante ao de 2009.