Privataria da Copel Telecom deveria render processo para Ratinho Junior e seus asseclas

Paraná está abrindo mão do seus investimentos e da liderança no setor de banda larga





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Governador Ratinho Junior cumprimenta presidente da Copel. Foto: Rodrigo Félix Leal

Os escândalos e esquemas para dilapidar o patrimônio público voltaram com força. A privataria contemporânea promete entregar ao mercado o que não foi dado ainda e negociar o futuro e a autonomia do povo paranaense e brasileiro. É o que conta um observador que assistiu a audiência pública sobre a privatização da Copel Telecom, programada para o primeiro trimestre de 2021. Um verdadeiro escândalo a luz do dia.

Felizes da vida, o presidente da Copel Telecom, Wendell Oliveira, a B3, empresa que promoverá o leilão, e os representantes do Banco Rothschild e o escritório jurídico Cescon Barrieu, que prestam assessoria ao mercado, digo, à Copel, destacavam as vantagens de quem compraria a empresa de banda larga líder do mercado no estado com 22% da fatia do mercado e com presença nos 399 municípios do estado. Um filé mignon extraído da “costela da Copel”, segundo seu presidente.

Nos bastidores da empresa, se comenta que o presidente Wendell – apelidado pelos copelianos de “o cara que veio para Wender-la” – diz que só pode ‘entregar o avião’ se tiver equipe pra pilotar. Mas quem é louco pra vender um avião em que se investiu tanto a ponto de ser o melhor do mercado? Se investiram tanto, são a melhor companhia e com maior rede, pra que vender? Tem coisa escondida aí e os deputados, Ministério Público, Tribunal de Contas e sociedade têm que ter faro pra perceber que alguma coisa não cheira bem.

Novo presidente da Telecom, Wendell Oliveira foi contratado para por fim a empresa que administra. Foto: Divulgação Copel

Durante a audiência, a justificativa de venda é que a Copel deve se dedicar somente ao negócio de energia. Essa é a decisão do governador Ratinho Junior (PSD), do “Paraná Inovador”, que inova vendendo uma empresa estatal lucrativa e promissora após duas décadas sem nenhum processo semelhante no estado.

Depois de estruturar a Telecom com 33 mil quilômetros de cabos, de ter aproximadamente 982 mil home passed (termo que designa quantas residências que possuem fibra óptica ‘passando’ em frente a sua residência) capaz de atender cerca de 3,3 milhões de famílias no Paraná, o estado vai desistir de ser competitivo. Para alegria do mercado que, inclusive, tem seus membros no Conselho de Administração da Copel (CAD). Outra coisa bem fétida.

Em off, ficou-se sabendo que rola nos corredores da Copel o comentário de que uma das empresas interessadas na aquisição é ligada à Rede Massa. Portanto, não espantaria ninguém se isso acontecesse. Fala-se até na venda da sede da Coronel Dulcídio pra Rede Massa. Boato? Cabe aos nobres deputados que, segundo o escritório Cescon Barrieu, não podem impedir o leilão, exercer seu papel de fiscalização do Poder Executivo.

O que se sabe é que a tão festejada transparência do processo é aquela que realiza uma audiência pública fora da Assembleia Legislativa, que disponibiliza o Data Room apenas para as empresas que tem banca para comprar – e não a qualquer cidadão interessado em fiscalizar o negócio – e que neste material, INCRIVELMENTE (em caixa alta mesmo, editor), a Copel Telecom já entregou seus segredos relativos a mapas estratégicos, Technical Due Diligence, documento com aproximadamente 10.000 páginas e que contém 100% dos ponto de presença da operadora, com todas as plantas, relação de equipamentos e de todas as fibras existentes. É como uma montadora americana entregando a uma montadora chinesa, melhor, a qualquer montadora, o roteiro de como ela constrói seu carro e entrega ao consumidor.

Muitos casos de privataria ficaram impunes no passado. O caso Banestado prescreveu e estamos diante de um “crime” contra o futuro dos paranaenses sendo cometido a luz do dia e com diversos setores muito bem conectados.

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