Moro, agora, defende Odebrecht

Ex-juiz vira diretor de escritório americano que administra empreiteira investigada por corrupção





Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Foto: Pedro França/Agência Senado

O ex-juiz Sérgio Moro não viu conflito de interesses para assumir o cargo de diretor do escritório norte americano Alvarez e Marsal que administra judicialmente a construtora Odebrecht. A empresa era um dos alvos da Operação Lava Jato, da qual Moro era o juiz e conduziu as investigações em parceria com o procurador da República, Deltan Dallagnol.

Segundo o anúncio feito hoje, “a contratação de Moro está alinhada com o compromisso estratégico da A&M em desenvolver soluções para as complexas questões de disputas e investigações, oferecendo aos clientes da consultoria e seus próprios consultores a expertise de um ex-funcionário do governo brasileiro”.

A nota ainda ressalta que Moro é ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil. Ele assumiu o cargo a convite do extremista de direita Jair Bolsonaro (sem partido) após dizer que jamais entraria para a política. Moro deixou o governo após ver indicado seu na Polícia Federal ser removido do cargo. Por outro lado, o ex-juiz que tinha como missão prender o ex-presidente Lula, nunca questionou o envolvimento da família Bolsonaro com milícias no Rio de Janeiro ou o caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro.

Atualmente, o ex-juiz flerta com o apresentador Luciano Huck e com o governador de São Paulo João Dória (PSDB) para construir uma frente de extrema direita soft para a eleição presidencial de 2022. Moro, na série reportagens Vaza Jato, mostrou afinidade com os tucanos e chegou a sugerir que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não fosse investigado para não ser “melindrado”.