Vereadores derrubam sugestão que atrelava volta das aulas presenciais a vacinação de professores

Pedido da bancada do PT sugeria prioridade ao Executivo na vacinação de trabalhadores da educação





Com as mãos erguidas, parte dos vereadores contrários ao requerimento. Foto: Youtube CMC

Pelo segundo dia consecutivo a volta das aulas presenciais nas redes pública e privada em Curitiba tomou conta dos debates na Câmara de Vereadores. Nesta terça-feira (9), a razão foi um requerimento de sugestão ao Executivo apresentado pela bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) que solicitava prioridade de vacinação aos profissionais da educação, condicionando o retorno das atividades presenciais a imunização destes trabalhadores.

Rejeitado pela maioria em plenário (23 votos contra e 11 a favor), o requerimento provocou um longo debate entre as vereadoras do PT e parlamentares contrários. Defendendo um retorno às aulas presenciais de forma organizada e segura, a bancada petista justificou que o adiamento seria uma medida de segurança para os profissionais, alunos e pais das crianças matriculadas.

“Temos escutado discursos de respeito à educação, mas não vejo a preocupação com o direito à saúde de trabalhadores e trabalhadoras. A pandemia está em alta, os professores sem vacina e nem mesmo todos os profissionais da saúde em Curitiba foram vacinados. Por isso vemos com risco esse retorno no dia 18 e apresentamos essa sugestão de adiamento das aulas”, defendeu a vereadora Carol Dartora (PT).

Dartora e Professora Josete citaram o caso do estado do Amazonas, onde após o retorno às aulas presenciais aconteceu um aumento exponencial de casos de Covid-19, com o sistema de saúde do estado entrando em colapso. “A escola não é uma ilha, ela não está isolada. A volta das aulas presenciais acarretará em impacto em outros setores como do transporte escolar, da alimentação, etc”, argumentou Dartora.

Outro assunto destacado pelas vereadoras foi a crise hídrica que passa o município de Curitiba e de como isso poderá impactar na questão das medidas preventivas e do respeito aos protocolos sanitários neste retorno. “Não foi pensada na questão do rodízio de água nas unidades diante desta crise que estamos passando. Isso é gravíssimo”, afirmou Josete.

As vereadoras da bancada – que ainda é composta pelo vereador Renato Freitas – argumentaram que a sugestão seria uma forma de fazer pressão para que a vacina chegue o quanto antes e para que o Plano Municipal de Vacinação seja realmente efetivo. “Nossa preocupação é o direito a vida. Não somos contra a volta às aulas, mas sim que neste momento ela seja adiada, pois estamos tratando de um período de excepcionalidade”, concluiu Dartora.

Contrários

A defesa do voto contrário ao requerimento da bancada do PT foi liderado pelas vereadoras Amália Tortato e Indiara Barbosa, ambas do NOVO, e pelo vereador Denian Couto (Pode). Os três são autores do projeto que tramita em urgência na Câmara de Curitiba que transforma a educação em “serviço essencial” para que às aulas presenciais não sejam suspensas durante a pandemia.

Em sua argumentação, Amalia citou países europeus que abriram escolas antes da vacinação de professores, falou sobre os baixos índices educacionais do Brasil e alegou que o fechamento das escolas seria um dos principais motivos do desemprego de mulheres nesta pandemia. “Não podemos votar nesse requerimento que atrela o retorno às aulas a vacinação dos professores. Convido os vereadores a olharem para a educação com outros olhos, com os olhos dos pais e dos alunos que não conseguiram se adaptar ao ensino remoto”, declarou.

Carol Dartora e Dalton Borba (PDT) contrapuseram as declarações da vereadora do NOVO. “Não podemos jogar nas costas da pandemia os problemas de irresponsabilidade com a educação, algo que é histórico no país. Não se pode atribuir classificações educacionais por conta da pandemia ou pelo fechamento de escolas neste momento extraordinário”, contrapôs Borba.

“É uma falácia comparar os índices de educação de países da Europa com as condições estruturais das escolas daqui e as desigualdades de nosso país. É assimétrico. Assim como é um grande equívoco atrelar o desemprego neste momento ao simples fato das escolas estarem fechadas”, completou Dartora.

Início de aulas

O início das aulas na rede pública está previsto para 18 de fevereiro. No dia 3, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) publicou Resolução que prevê que o retorno das aulas presenciais nas instituições pública e privada aconteça de forma escalonada. O escalonamento é definido pela faixa etária dos alunos, iniciando pelas crianças de até 10 anos. Após uma semana, as demais turmas do ensino fundamental retornam e duas semanas depois o ensino médio.

No dia 2 de fevereiro, o Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT/PR) recomendou ao Governo do Paraná e a Prefeitura de Curitiba a reavaliação da decisão de retomada das aulas presenciais neste mês de fevereiro, tanto na rede pública, quanto na rede privada. Para o MPT, a exposição dos profissionais de educação e dos estudantes a maior risco de contágio pela Covid-19 levará a um aumento dos casos e dos óbitos causados pela doença.