Em Curitiba: aulas voltam, vacinas acabam

Greca envia cartinha a Bolsonaro, mas mantém política de exposição ao Covid-19





Foto: Pedro Ribas/SMCS

As aulas na rede municipal pública de Curitiba e em muitas escolas particulares começam nesta quinta-feira (18). Retorno reforçado por projetos de lei na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa que tornam a educação serviço essencial. Critério esse que não garante a vacinação prioritária para esses profissionais. Ainda mais porque nesta sexta-feira (19), um dia após o reinício das aulas, as vacinas acabam na capital do estado. E o prefeito bolsonarista Rafael Greca (DEM), que adota a agenda do tudo voltar ao normal, enviou cartinha de véspera ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) implorando por mais vacinas para que enfim tudo volte ao normal. Mas como nada é normal, o prefeito deve ser responsabilizado, junto com os vereadores, deputados e governador Ratinho Junior (PSD), caso as crianças que voltaram para aula presencial contraiam o vírus e passem para seus avós, em um cenário que já não tem mais vacina.

Na Câmara Municipal, os vereadores corrigiram o projeto de lei sobre a educação. Agora, profissionais do grupo de risco não são obrigados a irem para o trabalho presencial e as escolas não ficam arbitrariamente abertas independente de qualquer coisa, como previa o texto original criticado pela oposição e retificado na votação em segundo turno.

Na Alep também não foi diferente. Educação é serviço presencial. Mas uma emenda agora “prevê que professores e educadores sejam incluídos no grupo prioritário de vacinação seguindo os termos do Plano Estadual de Imunização”.  Já outra emenda inclui  “os serviços educacionais presenciais também sejam estabelecidos como essenciais”.

Cartinha a Bolsonaro
O prefeito Rafael Greca e o governador Ratinho Junior serão responsáveis pelo aumento das contaminações após o retorno das aulas presenciais. A cada dia que passa, as decisões de ambos são muito mais efetivas para a exposição das pessoas do que as palavras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Foram eles que aos poucos foram reabrindo shoppings, comércio em geral, tornando academias serviço essencial, entre outros. 

Foto: Daniel Castellano / SMCS

Após a eleição, coube a eles promover aglomerações com provas presenciais ou eventos natalinos. Assim como coube a eles a decisão de retornar às aulas com a possibilidade de aulas presenciais. Ambos apostaram no sucesso de uma vacinação que dependia do governante que eles sempre apoiaram.

Agora Greca escreve cartinha ao seu aliado: “a agilidade e prosseguimento nas demais fases deste processo depende diretamente do recebimento de mais doses. Nós temos capacidade para vacinar até 15 mil pessoas por dia, mas a velocidade de imunização dos Curitibanos depende da organização e distribuição pelo Ministério da Saúde das doses do imunizante”. Curiosamente, se Greca sabe que vai acabar a vacina, porque manter o retorno das aulas?