Servidoras da enfermagem protestam diante de UPA Fazendinha




FontePedro Carrano/BDF

“Profissionais da enfermagem estão cansados, exaustos com familiares doentes, os assaltos aumentaram nas USs, em três dias em dezembro houve três assaltos numa US", foto de - Giorgia Prates

Com a imagem forte e dura de sacos de lixo pendurados no corpo, símbolo de um segmento que se sente desvalorizado pela gestão Rafael Greca (DEM), servidoras da enfermagem fizeram um protesto na frente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Fazendinha, hoje focada no atendimento aos pacientes com Covid-19.

Porém, na voz dessas trabalhadoras, a realocação de servidores para diferentes locais, o fechamento de Unidades de Saúde e os limites da estrutura das UPAs geram sobrecarga nos trabalhadores e prejudicam usuários.

“Não temos unidades para casos crônicos, não tem estrutura e a população é a que mais perde”, protesta Raquel da Silva Padilha, presidente do Sindicato dos Sevidores Municipais de Enfermagem de Curitiba (Sismec).

O sindicato levanta que 96 trabalhadoras da base da enfermagem criam os filhos sozinhas, o que aumenta a dificuldade nos casos de fechamento e remanejamento de unidades. O peso do enfrentamento contra a covid, com sua complexidade e número de mortes, é fator de doença psicológica e emocional para as servidoras da saúde.

“Profissionais da enfermagem estão cansados, exaustos, com familiares doentes, os assaltos aumentaram nas USs, em três dias em dezembro houve três assaltos numa US. Outra situação que é quarta vez que eles movimentam os profissionais, que passam a trabalhar longe de casa”, protesta Raquel.

Impossibilidade estrutural

Já Patricia da Roza Mendonça, também diretora sindical, elenca dois problemas centrais: a ausência de estrutura nas UPAs para o enfrentamento contra a covid e também a ausência que consideram completa de diálogo por parte da prefeitura.

“Não tem estrutura para ser um ‘mini-hospital’, o paciente necessita de internamento, a secretaria de saúde fez de forma abrupta, sem discussão com os funcionários, profissionais de saúde estão dando o melhor, mas não tem estrutura tanto em condição profissional como espaço físico, o distanciamento não é feito entre uma maca e outra, perdemos muitas vidas por conta do covid”, relata de forma emocionada enquanto escrevia um cartaz de protesto.

Apoio da comunidade

Distante de ser um ato de caráter corporativo, as profissionais de enfermagem na realidade contam com apoio de entidades sociais nos bairros. Uma delas é a União de Moradores/as e Trabalhadores/as (UMT), localizada no chamado bolsão Formosa, no bairro Novo Mundo.

A UMT abrange cinco associações de moradores e comunidades e publicou a seguinte nota de apoio, além de participar do ato:

“Hoje, nossa reflexão da UMT é sobre a saúde, que tem gerado protestos de trabalhadores/as de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em Curitiba, devido à sobrecarga, à exposição à covid, às decisões tomadas pela prefeitura que não respeitam os trabalhadores, os usuários e não ouvem o Conselho de Saúde”.