Bolsonaro quer CPI da Covid com limonada

Pedido do presidente visa tumultuar e atrapalhar investigação





Foto: Marcos Corrêa/PR

O “vazamento” da conversa entre o presidente Jair Bolsonaro e o senador bolsonarista Jorge Kajuru (Cidadania) sobre melar a investigação da CPI da Covid mostra que o presidente tem medo e tenta transformar a comissão em pizzada. É um método antigo de obstruir a justiça e atrapalhar fingindo que está contribuindo. O tiro sai pela culatra. A pressão sobre Bolsonaro aumenta. Não cola o argumento de que a CPI precisa investigar governadores e prefeitos. Não é objeto do pedido. Transformar a comissão em “CPI Fim do Mundo” é a melhor forma de imunizar Bolsonaro dos seus crimes de responsabilidade. É o tratamento precoce que previne sua possível responsabilização por mais de 340 mil mortos.

Isso não significa que os governadores e prefeitos não merecem ser investigados. Mas isso não é tarefa dos legisladores federais, dos senadores. A competência cabe aos legisladores locais, às assembleias legislativas estaduais e às câmaras municipais. Mas, Bolsonaro, pediu a Kajuru o Ifood da impunidade. Ou seja, pede uma pizza em Brasília para ser entregue em São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e todos locais dos adversários políticos do presidente. Por óbvio que não tem um delivery nesta distância. Mas consegue congestionar a linha da CPI sobre os crimes do seu governo e não entrega nada.

O problema dessa estratégia é que a limonada de Bolsonaro pode azedar no STF. Ao “vazar” que ministros da Corte deveriam ser investigados, o presidente mais uma vez entra em choque com os pizzaiolos da República. E eles, na quarta, são capazes de dizer se o pedido de Bolsonaro pode ser entregue longe de Brasília ou se o delivery se concentrará no objeto do pedido. Aí, Bolsonaro pode ser assado no forno, sabor meia negacionista, meia genocida.