Após lockdown em Curitiba, média de óbitos por Covid-19 deve se manter em 35 diários

Isolamento social, mesmo praticado abaixo do recomendado, evitou 1500 mortes em período de março a abril





Posse prefeito e vice-prefeito de Curitiba (2021-2024) Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

A capital do Paraná completou uma semana desde que encerrou o lockdown de 23 dias e recuou na cor de bandeira para laranja. A cidade reduziu o número de infectados diários e casos ativos. Por outro lado, o índice de mortes segue acima de 30 por dia. De acordo com estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, solicitado pelo Núcleo Sindical Curitiba Sul da APP Sindicato, as medidas restritivas adotadas por Curitiba foram capazes de diminuir, mas não de conter a terceira onda da pandemia na cidade.

A Nota Técnica confirma que o isolamento social praticado entre os dias 13 de março e 4 de abril, apesar de 30-50% menor que o recomendado, evitou 1500 mortes em Curitiba. Havia sido esse instituto que no começo do mês passado havia alertado para o colapso da saúde e a possibilidade de até acontecerem 100 óbitos diários na cidade. Após negar a possibilidade, a Prefeitura de Curitiba recuou e adotou medidas mais restritivas.

De acordo com a nova previsão, a média de óbitos deve permanecer em 35 – máximo de 50 – para o mês de abril. Mesmo com uma contenção positiva, a Nota Técnica considera as taxas projetadas inaceitáveis por poderem ser ainda minimizadas com a manutenção das medidas restritivas que apresentaram resultado.

“Dada a situação que se projeta para Curitiba, recomendamos manutenção das medidas restritivas por pelo menos mais 15 dias, devendo se aproximar de pelo menos 80% de redução da mobilidade urbana”, diz a nota técnica.

Os modelos utilizados pelos pesquisadores apontam, segundo o Instituto, de maneira eficaz que locais que retomaram as atividades de forma precoce, sem o devido controle da pandemia, tiveram nova ascensão de casos. Assim como no estudo anterior, as recomendações do não-retorno das aulas presenciais ou híbridas são mantidas, sendo de responsabilidade dos gestores públicos qualquer aumento de transmissão comunitária no ambiente escolar.

“As recomendações do não-retorno às aulas presenciais ou híbridas são mantidas, sendo de responsabilidade dos gestores públicos qualquer aumento de transmissão comunitária pela circulação viral em crianças, acarretando mortes de crianças, seus familiares e funcionários de escolas, uma vez que já é reconhecido que um tal retorno em meio à transmissão comunitária não deve ser adotado”, orienta.

Os pesquisadores apontam que as aulas podem retornar de forma segura apenas após a vacinação de 70% de toda a população. Até lá, o isolamento social deve ser mantido e a vacinação, se possível, acelerada.

Confira aqui o novo estudo:

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