Greca, por favor, mantenha o lockdown

Curitibanos, por gentileza, fiquem em casa





Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

No próximo domingo (21), se o senhor prefeito Rafael Greca (DEM), não estender as medidas do decreto n° 565/2021, Curitiba sairá do lockdown. Mas não há condições para isso. Não há clima. Estamos em uma catástrofe, senhor prefeito, devoto de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. E, em nome dela, peço para que mantenha e amplie as restrições de circulação. E que Deus nos ajude a manter as pessoas em casa, ilumine os empresários a suspender suas atividades, uma vez que o governador Ratinho Junior lhe deu uma pedrada nas costas.

Quando o senhor, com sua Margarida, usou as redes sociais para anunciar o fechamento do comércio, das escolas, shoppings e academia, a gente já dizia que era uma medida dura, mas necessária. Um estudo apresentado na Câmara Municipal de Curitiba mostrou que se a gestão da pandemia não fosse mudada, chegaríamos ao fim do mês com mais de 80 mortes, como aconteceu em Manaus. Hoje (19), mesmo com o cerco, batemos batemos 43 e tivemos pico de 57 mortes contabilizadas. Efeitos, o senhor sabe, a gente sabe, de 14 dias atrás. Portanto, antes da bandeira vermelha.

Prefeito Rafael Greca, não temos para onde correr. Melhor, temos que ficar parados. Não temos mais leitos de UTIs, falta oxigênio nas improvisadas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o governador Ratinho Junior negou o auxílio necessário. Era tarefa dele alinhar com prefeitos da RMC e ampliar o lockdown para toda a região, era tarefa dele conseguir mais vacinas bem antes, era tarefa dele conversar com empresários, principalmente do transporte, e fechar mais coisas para salvar mais vidas.

Foto: Daniel Castellano / SMCS

Mas o governador lavou as mãos. Esticou um decreto para o Dia da Mentira em que pode tudo fazendo de conta que não pode muito. Agora, ele disse que vai imunizar as pessoas acima de 60 anos até o fim de abril quando ele sabe, o senhor sabe, a gente sabe que a programação não era essa. Era para já estarmos vacinando as pessoas com comorbidades. E os profissionais da educação, se a gente realmente quer que as escolas tenham aula presencial, como ele permite no decreto dele, e o senhor, sabiamente, vetou aqui.

Caro prefeito, é preciso manter e ampliar esse lockdown. Tirar alguns serviços da caracterização de serviço essencial. Indústria, bancos, lotéricas, tanta coisa que atende ao interesse financeiro, mas não a vida. Ah, e é preciso parar os ônibus, como estão fazendo cidades de São Paulo. O movimento em Curitiba caiu 21% com o lockdown, mas é necessário cair mais. É preciso parar tudo. O senhor que tanto estendeu a mão e os cofres da prefeitura para gulosos empresários, tem o dever de chamá-los ao sacrifício neste momento.

Prefeito Rafael Greca. Foto: Daniel Castellano / SMCS

E já que falei em esticar a mão, é necessário também dar ela aos comerciantes, à população mais pobre, nem que seja para o senhor levar umas palmadas. Acate a sugestão do deputado estadual Delegado Francischini (PSL) e zero o IPTU desses comerciantes. Pare de cobrar o ITBI. E mais: crie uma lei extraordinária e cobre um imposto especial de quem tá lucrando muito com a pandemia. Cobre de bancos, de supermercados, de aplicativos de entrega. Transfira renda.

Cobre da Copel e do presidente Daniel Pimentel, seu amigo, imagino, que disse, garboso, que a “companhia doou R$ 5 milhões para a compra de kits de testes e máscaras destinados aos profissionais da linha de frente no Paraná” enquanto a empresa faturou 3,9 bilhões de reais com a pandemia e vai distribuir 2,5 bilhões de reais para os acionistas que, das suas casas, só olham a conta bancária crescer. A economia é feita de pessoas e camelôs, não de rentistas e seus “calls”. O Programa de Retomada Econômica Pós-Pandemia é bom, mas a hora é agora, o socorro é agora. 

Caro Greca, vamos sair dessas juntos se cada um ficar em sua casa e com as mãos dadas, em oração, não agirmos individualmente.