Cientista alerta para estabilização alta da média de contaminação no sul

Estados permitem aumento na mobilidade, que deve impactar no aumento de casos





Prefeito de Curitiba recebe primeira dose da vacina. Foto Ricardo Marajó/SMCS

Curitiba estabilizou a média alta de contaminações e mortes desde que encerrou o lockdown e as medidas mais severas de isolamento social. A capital, pico do estado, tem dito uma margem de novos casos acima de 450 por dia e mais de 25 mortes. Ela serve de exemplo para o alerta que o cientista Issac Schrarstzhaupt está fazendo: o Brasil estabiliza em patamares elevados a contaminação enquanto acelera a retomada da mobilidade social, sendo o Sul do país perigosíssimo.

Antes da adoção da bandeira vermelha, Curitiba batia em média mais de 1 mil casos novos de contaminação. Pico que bateu em 2,7 mil casos em 14 e 15 de março, com 14,7 mil casos ativos. Agora, a situação “mais confortável”, com 6,9 mil casos ativos em 17 de abril, desperta alerta de especialistas.

“Estamos em uma tendência de estabilização em um patamar bem, bem alto de casos, o que não é nada bom. Vejam os números do Brasil como um todo: estamos em uma estabilidade horrível de mais de 80 mil novas notificações diárias de casos, com uma pequena tendência de queda na média móvel da taxa de crescimento”, avalia o cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid-19, Issac Schrarstzhaupt.

Segundo ele, Tudo indica que essa queda na média móvel da taxa de crescimento não se sustentará, devido ao aumento na mobilidade que está tendo no Brasil em todas as categorias (exceto residências, que vem caindo).

Ao alertar para o perigo, o cientista destaca a região Sul. Para ele, os três estados conseguiram ter uma desaceleração que, infelizmente, já estabilizou e até gera tendência leve de aumento.

Média de casos de Covid-19 está estável

O maior perigo está na média alta e no aumento da mobilidade urbana. Curitiba, novamente, está alterando decretos e liberando o retorno de atividades aos domingos, ampliando horário de comércio, shoppings e academias, além de permitir até 70% de lotação no transporte coletivo. Medidas que, em breve, podem fazer a curva de contágio que já é alta voltar a subir.

“Como está a mobilidade dos estados do Sul? Todos em franco aumento. É muito, muito perigoso aumentar a mobilidade dessa forma com tão pouca cobertura vacinal e com tantos casos ativos por dia. Vejam também os hospitais do RS: UTIs querendo estabilizar em números gigantes”, indica o cientista.

Após nova onda de casos, Paraná mantém índices elevados. Fonte: SESA

Atualmente, Curitiba está com 93% dos leitos de UTI ocupados e apenas 39 leitos disponíveis. Já o Boletim do Paraná do dia 17 de abril indicou 2.428 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 que estão internados, o que representa 95% de ocupação em todo o estado. São 1.958 pacientes em leitos SUS (970 em UTI e 988 em leitos clínicos/enfermaria) e 470 em leitos da rede particular (289 em UTI e 181 em leitos clínicos/enfermaria).

Números elevados dentro de uma estratégia de arriscada. “A situação é de alto risco: UTIs carregadas, estabilização em patamares altos, muitos casos ativos e mobilidade subindo no país todo. O que deveríamos fazer em alto risco? Baixá-lo, né? Só que estamos novamente achando que não piora mais, e provocando o vírus (de novo)”, conclui Issac.