O brasileiro que criou piadas de português assim o fez para disfarçar a nossa estupidez.

Este axioma foi atribuído a Teobaldo Amorim, que nos deixou dias desses, segundo relatos de um cronista. Mas eu duvido que esse tipo de pensamento pertencia a ele. Amorim não era dado a comparações. Muito menos a ‘filosorreflexões’. Outrossim, fato ou fake, é o que está registrado em sua lápide. Ao investigar menos razo, soube de sua filha, que não conheço (antecipo), que a frase era um elogio aos seus carrascos.

Tiranos sem capuz e caras-de-pau, estúpidos brasileiros que criam piadas de portugueses tentando diminuir a distância intelectual e continental entre os povos a fim de promover sua douta ignorância. Afinal, dizem pelas esquinas que alguém “puxou o pai ou puxou a mãe” para apontar talentos precoces. Mas é certo que é incerta a comprovação de que a inteligência é hereditária.

Se o conhecimento não vem do berço, a ignorância tem uma genética bem definida. É essa gente alimentada por mamadeira de piroca que se acha engraçada e popular em churrascos de família e de amigos. O brasileiro que criou piadas de português para enaltecer sua estupidez é personagem comum do folclore contemporâneo nacional. Ele é tataravô do tiozão de Whastsapp, avó da tia fofoqueira de corrente de rede social, que é filha da finada fofoqueira da rua.  

“Hahahahahaahahha”!

Riem os tontos, após qualquer trocadilho tik tok, tico e teco, que contaram na rodinha ou receberam e encaminharam com frequência num grupo virtual.

E os portugueses, lá do lado de lá do Atlântico, nada mais entendem como a rica terra que eles um dia saquearam ainda brota tantos tolos valorosos.

O pior é que não estamos imunes a tonterias alheias e suas variantes. Por aí, há algum tempo, vemos aquele brasileiro que criou piadas de português a gargalhar depois de contar piadas de outros brasileiros que ele considera insignificantes. Ou de venezuelanos. Ou cubanos. Ou chineses.

“Hahahahahahaa, ele fala igual ao Cebolinha, com a língua plesa”

Iloniza garboso atrás de seus óculos escuros e de sua camiseta amarela vinda da China.

Da minha parte, tenho dos portugueses admiração. Vieram aqui, levaram tudo e enriqueceram. Outros voltam e seguem ganhando tudo. Seja Jorge Jesus ou Abel Ferreira, o ouro é deles.

Desconheço, por fim, a existência de portugueses que contam piada de brasileiros para enaltecer sua superioridade européia periférica. Contam que existe um preconceito com nós. Mas quando estive por lá, não me deparei com esse tipo de constrangimento. Talvez, eu não tenha entendido algo. Entendeu?