Após denúncia de sindicatos, diretor da Copel pede desligamento

TCE acatou argumento sobre conflito de interesses e deu prazo para envolvidos apresentarem explicações





Foto: Guilherme Puppo/AEN

O diretor de Operações e Manutenção da Copel Geração e Transmissão, Thadeu Carneiro da Silva, pediu para deixar o cargo após 16 meses na função. O pedido de demissão aconteceu após pressão do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) que cobrou explicações sobre conflito de interesses do diretor da Copel, que também é proprietário TS Energy Service, empresa prestadora de serviços para outras empresas contratadas pela Copel. No pedido de desligamento feito no último dia 22 de junho, Thadeu Carneiro alega “motivos pessoais” para deixar o comando da GeT no próximo dia 30 de junho, logo após expirar o prazo dado pelo TCE para explicar o conflito de interesses.

O “afastamento voluntário” ocorreu após o conselheiro Ivan Bonilha acatar representação dos Sindicatos da Copel que apresentaram três denúncias contra o diretor. Em uma delas, as entidades alegam que foi encaminhado ao Diretor-Presidente, Daniel Pimentel Slaviero, novos fatos, porém, o pedido de esclarecimentos e providências veiculados por este ato não foi respondido”. 

Diretor da Copel pede desligamento. Ele é investigado pelo TCE

“Por fim, um terceiro ofício foi remetido à Presidência, haja vista suposto conflito de interesses do Diretor de Operações e Manutenção, o qual seria proprietário de empresa que presta serviços para várias outras empresas que atuam como fornecedoras da entidade denunciada. Alegam que a gestão dos contratos com esses fornecedores é de responsabilidade do referido diretor, “criando a situação em que ele serve ao mesmo tempo como contratante e contratado, destaca o despacho”.

Diretor de Operações e Manutenção da Copel Geração e Transmissão, Thadeu Carneiro da Silva, pediu demissão. Foto: Copel Divulgação

 A saída ocorre no momento em que expira o pedido de explicações feito pelo TCE. Em e-mail, Thadeu Carneiro alega que “seguindo a linha de transparência e comunicação aberta a todos, gostaria de comunicar que por motivos pessoais decidi me desligar da Copel GeT” no dia 30 de junho de 2021”. 

Por outro lado, no despacho do TCE, o conselheiro Ivan Bonilha considerou que as explicações sobre o conflito de interesses foram insuficientes. “Nos termos da Informação n.° 28/21 (peça 34), a Copel e a Copel Get deverão “apresentar a relação dos contratos firmados entre empresas do grupo Copel e a empresa Vestas do Brasil, que ainda estejam vigentes ou que tenham tido pagamentos liquidados em momento posterior à nomeação do sr. TCS (13/04/2020). Juntamente com a relação, que deverá conter os dados básicos do contrato, deverão ser anexadas às minutas contratuais e eventuais aditivos ainda não trazidos por esta 4ª ICE à peça 35, devendo as empresas serem alertadas que a sonegação de documentos poderá acarretar na aplicação de multa”.

Na decisão, ainda se destacou que “embora os contratos tenham sido realmente firmados em momento anterior ao da nomeação do sr. TCS (…), foram detectadas remessas e liquidações em momento posterior à sua admissão (à peça 36 serão anexadas às informações contidas em planilha excel extraída do SAP – e que relaciona os pagamentos a Vestas)”.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia Elétrica de Maringá e Região Noroeste do Paraná (STEEM), Claudeir Fernandes, o acolhimento da denúncia expõe a forma diferenciada que a Copel trata seus funcionários dos seus diretores. Muitos desses sem carreira e histórica com a empresa. “O que se percebe é que a Copel absolve um Diretor enquanto pune severamente empregados por publicações e atos muito menos graves. A diferença de tratamento é absurda. O que vale pra maioria não vale pra Diretoria”, destaca.

Ao dar 15 dias para a complementação de informações, o conselheiro do TCE do Paraná acionou a 4ª Inspetoria de Controle Externo e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, respectivamente, para a elaboração de pareceres sobre o tema.

::. Confira pedido de informações do TCE

MPT também quer explicações

O Ministério Público do Trabalho também está cobrando posicionamento da Copel. O órgão exigiu que a empresa reabrisse o caso denunciado pelos sindicatos no episódio “porcos de granja” e encaminhasse à Comissão de Análise de Denúncias de Assédio Moral (CADAM) sob pena de descumprimento de um Termo de Ajuste de Conduta firmado pelo próprio MPT com a Copel .O descumprimento pode gerar aplicação de multa.