No Paraná, indígenas Avá-Guarani marcham contra o PL 490

Comunidades de Guaíra e Terra Roxa fizeram um ato em solidariedade aos indígenas reprimidos com violência em Brasília





Indígenas de Guaíra e Terra Roxa em marcha nesta quarta-feira. Foto: Cimi Regional Sul

Povos indígenas em todo o país se manifestam nesta semana pelo “Levante pela Terra” contra a agenda anti-indígena do Governo Federal e em pressão contra o PL 490, que está em pauta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal. A proposta  pode significar o fim das demarcações de terra indígenas e a revisão de áreas já regularizadas, abrindo espaço para o garimpo e a exploração do capital nestes territórios.

Em Guaíra, no Oeste do Paraná, indígenas Avá-Guarani realizaram na manhã desta quarta-feira (23) uma marcha em apoio aos parentes que ontem (22) foram reprimidos com violência policial em uma manifestação em Brasília.

O ato reuniu centenas de indígenas de Guaíra e Terra Roxa, que saíram das aldeias em caminhada pelas ruas centrais do município. Ao chegarem em frente à prefeitura, os Guarani foram recepcionados por dezenas de viaturas e policiais militares que faziam a segurança do local. “Estamos aqui fazendo uma marcha pacífica do Levante pela Terra, um movimento pela vida, pelas demarcações e contra essas PECs que tramitam no Congresso Nacional”, declarou o cacique Ilson Soares, um dos organizadores da marcha.

Levante pela Terra

Mais de 850 indígenas, de 43 povos, realizam, desde o dia 8 de junho, o Acampamento Levante Pela Terra em Brasília para, mais uma vez, exigirem o fim das violações de seus direitos. Essas violações, que ocorrem há séculos, têm aumentado drasticamente desde a eleição de Jair Bolsonaro e o consequente fortalecimento das pautas da bancada ruralista no Congresso, que objetiva abrir os territórios indígenas para a exploração econômica do capital privado.

Nesta segunda-feira (22), durante as mobilizações do Levante pela Terra, vários indígenas foram feridos por balas de borracha e por bombas de gás lacrimogênio por tropas da PM do DF e da Polícia Legislativa. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a manifestação com a presença de “muitos idosos e crianças” era pacífica, assim como os atos realizados nos dias anteriores.