Encontro busca fortalecer a luta das mulheres Guarani

Encontros de mulheres Guarani estão sendo promovidos pela Comissão Guarani Yvyrupa, que agrega aldeias das regiões Sul e Sudeste do Brasil





Mulheres têm assumido protagonismo nas aldeias. Foto: Paulo Porto

Mulheres indígenas de diferentes cidades do Paraná se reunirão durante a semana no Encontro de Mulheres Guarani do Oeste do Paraná. O evento, que acontecerá na comunidade de Tekoha Yhovy, em Guaíra (PR), tem inicio na noite de segunda-feira (16) e se entenderá até sexta-feira (20). Será uma oportunidade das “kunhangue” – mulheres Guarani – compartilharem vivências e pensarem juntas formas de luta e da preservação do modo de vida nas aldeias – o “nhande reko”.

Cada vez mais na linha de frente da organização das aldeias e ganhando maior visibilidade, as mulheres têm trazido para luta indígena discussões que vão além das pautas tradicionais do movimento – como as demarcações de terra, autonomia e preservação da cultura. Problemas como a violência contra as mulheres, a saúde da mulher indígena, a pauta LGBTI e o alto índice de suicídios e tentativas nas aldeias serão discutidos nos cinco dias de conversas, aprendizagem e espiritualidade. Durante o encontro também será constituído o “Movimento de Mulheres da Região Oeste”.

Encontros de mulheres Guarani estão sendo promovidos pela Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), que agrega aldeias das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Recentemente aconteceram eventos na Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras (PR), e comunidades Guarani de Santa Catarina. Nestas reuniões, as indígenas têm relatado vivências como chefes de família e lideranças comunitárias com o objetivo de empoderar essas mulheres que, apesar da importância na organização das comunidades tradicionais, muitas vezes são invisibilizadas. Além de encontros regionais, acontecerá um encontro nacional das “kunhangue” organizado pela CGY.

“A pauta das mulheres indígenas é importante para o Brasil e o mundo. Elas exercem um grande poder dentro das aldeias, mas para fora ainda falta visibilidade. As mulheres Guarani organizam a comunidade, são elas que discutem seus problemas diários. Esses encontros são importantes, especialmente pelo momento delicado que vivemos de ataque aos direitos indígenas, de aumento da violência contra a mulher indígena e epidemia do suicídio que toma conta de algumas comunidades”, comenta a Osmarina de Oliveira, do Conselho Indigenista Missionário – Regional Sul (Cimi Sul), que trabalha junto a comunidades do Oeste do Paraná.