Bolsonaro recua e prega conciliação

Presidente havia dito que não respeitaria decisões judiciais





Foto: Alan Santos/PR

Pressionado após as comemorações de 7 de Setembro em que participou de manifestações golpistas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recuou na pauta de enfrentamento com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal. Após dizer que não respeitaria decisões judiciais e de que poderia jogar fora das quatro linhas da constitucional, ele foi pressionado por políticos e por ministros do STF que divulgaram notas duras e disseram que Bolsonaro poderia enfrentar processo por crime de responsabilidade. Diante disso, agora, em nota, o presidente afirma que “nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.

A nota do presidente coloca um freio na agenda golpista que pede a destituição do STF, do Congresso e pede o voto impresso. O recuo acontece no momento em que o presidente perde controle sobre a paralisação (locaute) dos caminhoneiros. A pauta da categoria é a dissolução dos ministros da Suprema Corte. Encurralado, presidente agora diz que “as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

Embora dê uma freada na agenda do golpe, o presidente volta a criticar o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das fake news e que mandou prender aliados de Bolsonaro. “Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news”, diz a nota presidencial.

Para Bolsonaro, “democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles”.

LEIA ÍNTEGRA DA NOTA DE JAIR BOLSONARO

“No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.”