Moro entra na folha de pagamento de partido político

Método era criticado pelo chefe da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, que também está se filiando a um partido





Para ser candidato do Podemos, Moro receberá salário de R$ 22 mil. Foto: Lula Marques/AGPT

O ex-juiz Sérgio Moro já pode atualizar seu currículo e colocar um novo cargo: pré-candidato à presidência. O emprego vai render ao ex-ministro da Justiça de Bolsonaro alguns milhares de reais. Aliás, remunerar políticos era um dos métodos criticados pela Operação Lava Jato, que via nisso uma forma de lavagem de dinheiro.

Moro entrou para a folha de pagamento do Podemos após se filiar ao partido no fim de novembro. A coluna apurou que para ser pré-candidato ao Planalto, ele vai receber mensalmente R$ 22 mil da sigla. O valor representa mais de 20 salários mínimos, ou pagaria 55 pessoas dentro do novo Bolsa Família, o Auxílio Brasil, criado por Bolsonaro.

O novo partido do político, o Podemos, tem recursos para pagar o milionário salário. Embora tenha votado contra o fundo eleitoral, o partido tem direito a R$ 282 milhões em 2022. Número muito acima, por exemplo, do que os R$ 78 milhões que tinham direito em 2020. O valor repassado pelo fundo é definido pela quantidade de parlamentares no Congresso Nacional.

Embora não seja ilícito, o salário de Moro é constrangedor, uma vez que a Lava Jato dizia que pagamento de políticos era uma forma de corrupção. Lula, por exemplo, recebe R$ 30 mil. Já Ciro Gomes recebe R$ 26,3 mil. Segundo o ex-chefe da operação, Deltan Dallagnol,em 2015,a prática de fazer doações ocorria para mascarar corrupção. 

“Se eu quero doar para um candidato, isso é regular, é legal. Outra coisa é pagar propina disfarçada de doação eleitoral, a doação camaleão. Isso é lavagem de dinheiro”, dizia ao defender as 10 medidas contra a corrupção. Deltan agora vai se filiar ao Podemos, mesmo partido de Moro.