2018 versão 2017

Em ano de Copa do Mundo e eleições, os ânimos acirrados de 2017 também embarcaram em 2018





Réveillon Rio 2018 - na praia de Copacabana. Foto: Alexandre Macieira/Riotur

No Brasil, parece ser da cultura popular a esperança de que a mudança de ano traga novos ares. Mas não é bem assim. Embora a agenda de 2018 seja diferente do último ano, trazendo consigo novo carnaval, novos feriados, nova Copa do Mundo e novas eleições gerais, o comportamento das pessoas continua o mesmo. Talvez com um pouco a mais de tolerância devido a contaminação pelas festas de fim de ano. Porém, o pavio curto do povo tá cada vez mais encurtado. Não tem jeito, os anos mudam, viram, já as pessoas, não.

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Prefeito MBL

O prefeito de Porto Alegre, o tucano Nelson Marchezan, terminou o ano como começou: provocando a militância favorável ao ex-presidente Lula. Se em 2017, debaixo de seu bico, ele aprovou lei municipal que permite multar em quase meio milhão de reais manifestações sem consentimento do poder público (leia-se, dele mesmo), em 2018, como um pavão, colocou as asas de molho e pediu a Temer o Exército e a Força Nacional para coibir a invasão vermelha na capital que pretende acompanhar o julgamento no dia 24.

Contudo, o prefeito MBL, discípulo do modelo João Dória Jr. de fazer política, teve as asas cortadas. O ministro da Defesa Raul Julgmann disse que o pedido é inconstitucional, cabendo somente ao governador do estado. O prefeito de rede social também foi constrangido pelo Comitê de Crise formado no Rio Grande do Sul. Para os membros, deve ser tarefa dos gestores apaziguar ânimos, não acirrá-los. Marchezan, que em 2016 era visto em caminhão de som do MBL defendendo a liberdade de manifestação, deu palanque para Lula e o PT mostrarem a falta de republicanismo e perseguição no processo da Lava Jato.

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Justiça militante

Escandalosamente, o deputado federal Pepe Vargas (PT/RS) revela que a chefe de gabinete do Tribunal Regional da 4a Região (TRF4) não tem a mínima isenção para participar do julgamento do ex-presidente Lula. Em um post no Facebook, Daniela Tagliari Kreling Lau divulga abaixo-assinado pela prisão de Lula.

De acordo com Pepe Vargas, “não bastasse a declaração do presidente do TRF-4, que mesmo confessando não ter lido a sentença de Moro disse que a peça era “perfeita”, agora a sua chefe de gabinete faz campanha para pedir a condenação de Lula, publicamente e sem cerimônias. O golpe continua em todas as frentes. Resistir é preciso!”

O mundo dá voltas

Quem não se lembra do ministério de notáveis prometido por Michel Temer? Pois bem, a cada novo ministro anunciado se comprova a mediocridade do governo. 2017 terminou com o ministro do trabalho pedindo demissão após pesquisa revelar que o Brasil perdeu 12 mil empregos em novembro, mês em que entrou em vigor a reforma trabalhista. Já em 2018, versão 2017, o cargo é ocupado por Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, condenado no caso do mensalão, presidente do PTB e conselheiro de Temer. Somente em um governo golpista isso poderia acontecer. A ironia da história é saber que a nova ministra do trabalho foi condenada pela Justiça do Trabalho a indenizar funcionário em R$ 60 mil por não registrar em carteira e por excessivas horas extras. Agora, como ministra, o negociado sobre o legislado deve prevalecer.

Ministro da Saúde, Ricardo Barros. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Comprando apoio

2017 terminou com o novo ministro da secretaria de governo Carlos Marun ameaçando governadores que não se posicionarem favoravelmente a reforma da previdência. Sem apoio, sem recursos da CAIXA. 2018 começou com a revelação que o ministro da saúde Ricardo Barros (PP/PR) reservou R$ 500 milhões para pagar apoio de deputados que mantiveram aliados de Temer no ano passado.

Governador Beto Richa. Foto: Ricardo Almeida/ANPr

Baixa entre professores

Beto Richa (PSDB) não cansa de mostrar que é um governador sem educação. Em 2017, no último ato de seu governo, viu o Palácio ser ocupado por professores contratados via processo simplificado (PSS) contrários a redução de salários. Nesse ano, Beto Richa, além de  reduzir os salários, quer reduzir quantidade de professores.

Gilmar Mendes. Foto: Nelson Jr./ASCOM/TSE/Fotos Públicas

Não soltou ninguém

Uma semana de 2018 e Gilmar Mendes não soltou ninguém. É porque o plantão do STF está com a presidente Cármen Lúcia.