Não há nada de novo em “novos governos” começarem reclamando da situação financeira herdada pelo antecessor. Esse é um dos mais tradicionais clichês da vida pública brasileira. Serve como justificativa para implementar alguma política de austeridade ou para ganhar tempo – pelo menos uns seis meses – enquanto se adapta a máquina pública.
Geralmente, o argumento dos cofres vazios é precedido de algum anúncio relacionado a revisão de contratos e, posteriormente, do novo velho político – independente da idade – destacando como conseguiu equilibrar as contas.
O macete, no entanto, não vale para o novo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Pelo menos não deveria. Experiente na arte de trocar de grupos políticos e manter a imagem de novidade, ele já conseguirá ganhar a eleição se descolando de Beto Richa (PSDB), a quem serviu como secretário e bancada de apoio por dois mandatos.
Esse know-how deveria contar bastante para que o governador tivesse amplo conhecimento da situação financeira do estado, como lembra o deputado estadual Requião Filho.
A situação econômica do Paraná no momento é incerta e desconhecida diz o novo governador. Gov atual foi base do último governo, liderando duas das maiores bancadas que aprovaram tudo que foi posto em votação. NÃO PRESTAR ATENÇÃO PODE CUSTAR CARO.
— Requião Filho (@RequiaoFilho) 15 de janeiro de 2019
Talvez não seja falta de atenção ou desinteresse, deputado, mas aquela artimanha citada. Afinal, o orçamento do Estado de R$ 57,366 bilhões foi aprovado no começo de dezembro de 2018. Se existiam problemas, por que os futuros antigos aliados do novo governador não emitiram um alerta? Eles não leram o que aprovaram?
Ratinho, que quer ter colado em si a imagem de gestor do futuro, precisa de novas práticas e respostas para os problemas dos paranaenses. Do contrário, será mais um jovem herdeiro com a dura missão de ficar sete anos à frente do estado…