A semente de luta que brota das mãos das mulheres do campo

"As mulheres, trabalhadoras rurais, camponesas e agricultoras familiares estão entre os segmentos mais prejudicados com essa proposta de reforma"





Foto: Leandro Taques

Por Luciana Rafagnin*

Há pouco mais de 30 anos, as mulheres trabalhadoras rurais, agricultoras familiares e sindicalistas se uniram ao conjunto dos trabalhadores do campo e da cidade para ocupar as ruas das capitais e acampar em Brasília, com protestos e mobilizações pela conquista de direitos previdenciários e por uma Constituição Cidadã, pautada na inclusão social e na garantia de direitos sociais ao povo brasileiro.

Três décadas depois, estamos novamente diante do desafio de mobilizar a sociedade e de lutarmos contra o desmonte da seguridade social no país e para defender o mínimo de bem-estar social conquistado na Constituição de 1988. Até esse mínimo hoje encontra-se ameaçado. Primeiro, pela reforma trabalhista de Michel Temer e, a agora, pela proposta de reforma da Previdência de Jair Bolsonaro.

As mulheres, trabalhadoras rurais, camponesas e agricultoras familiares estão entre os segmentos mais prejudicados com essa proposta de reforma, que, aliás, não reforma e não melhora nada, mas só retira direitos do povo pobre e da classe trabalhadora. O empobrecimento da nossa gente e dos municípios do interior é uma consequência inevitável e cruel dessas medidas. Voltamos ao patamar de injustiças sociais e de desigualdades de antes da Constituição Cidadã.

As mãos das mulheres agricultoras, que todos os dias semeiam esperanças, alimentos saudáveis, desenvolvimento sustentável, trabalho e diversificação da renda, vão ter de semear também muita luta para defender os direitos do povo brasileiro e para transformar essa realidade de expropriação e de desmontes que se desdenha no horizonte, no bojo das medidas desumanas de um governo despreparado, irresponsável, submisso aos interesses estrangeiros, concentrador e voltado à exclusão social. Um governo dos ricos e de poucos, que não é digno da grandeza da nossa gente. Nós, mulheres trabalhadoras, devemos lutar com garra e com coragem para repudiar e barrar essas medidas que promovem miséria, sofrimento e sacrifícios ao povo brasileiro.

 *Luciana Rafagnin é deputada estadual e presidente do Bloco de Apoio à Agricultura Familiar da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).