Bolsonaro, o incorruptível, convida Ricardo Barros para ser liderança do governo

Deputado é do PP, ex-partido de Bolsonaro e o mais envolvido na Lava Jato





Ricardo Barros fez parte dos governos Temer, Dilma e Lula. Foto: Beto Barata/PR

O presidente Jair Bolsonaro, que vai trocar novamente de partido, deixando o laranjal do PSL para fundar o Aliança Renovadora, digo, Aliança pelo Brasil, fez um convite que deve desagradar o ex-juiz Sérgio Moro. De acordo com a coluna Radar, da Veja, Bolsonaro quer o ex-colega de partido, Ricardo Barros, como vice-líder do governo no Congresso. O PP é o partido com mais acusados na Lava Jato.

O incorruptível Bolsonaro, de acordo com sua militância, parece sempre rondar ou estar próximo de corruptos. O PP tem ou teve nada menos do que 32 políticos denunciados no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta da Lava Jato. Atualmente “os deputados Aguinaldo Ribeiro (PB), Arthur Lira (AL) e Eduardo da Fonte (PE) e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente da legenda, foram denunciados por organização criminosa em um dos processos da Operação Lava Jato”. O STF acatou a denúncia contra eles em 11 de junho de 2019, como informa a Agência Brasil.

Por outro lado, Bolsonaro pode estar disposto a passar pano neste fato de olho no tamanho da bancada do PP. Com a desintegração do PSL e com o PT tendo a maior bancada com 56 deputados federais, o apoio dos progressistas com 37 deputados é fundamental.

Mas a saia justa de Bolsonaro não para por aí. Desde o início de seu governo, ele tem prometido “varrer os petistas” e seus ex-aliados da administração pública. O problema é que Ricardo Barros, do probo PP, foi ministro da Saúde de Michel Temer (MDB), do “abominável” centrão isentão. O experiente político paranaense também foi governo com Lula e Dilma, sendo vice-líder de ambos. É que pelo jeito a mudança prometida na campanha é trocar o famoso “toma lá dá cá” por “dá cá e toma lá”.

Barros, aliás, deveria ser considerado inimigo dos bolsonaristas lavajatistas. Há dois meses, na Câmara Municipal de Curitiba, o deputado criticou a operação e o atual ministro da justiça, Sérgio Moro. Ele explicava aos vereadores o projeto sobre Abuso de Autoridade, do qual era relator. Projeto esse mal visto por Moro e Dallagnol. Barros não poupou ambos:

“O Deltan Dallagnol dizendo que queria ser senador. O Moro é candidato à presidência. Eles destroem a classe política para ocupar nosso lugar. É uma causa muito nobre”, ironizou o novo “menino dos olhos” de Bolsonaro. E neste caso, Moro vai aceitar tudo caladinho mais uma vez?