Assassino de indígena Guarani segue impune em Itaipulândia (PR)

Com autoria conhecida, crime de motivação passional completará um mês na próxima semana





Cristian Tupã Martins, assassinado no dia 13 de março. Foto: Divulgação

Lideranças indígenas do Oeste do Paraná têm denunciado uma escalada de violência contra as comunidades na região. A impunidade quando se trata de um crime contra um “parente” faz crescer o número de vítimas nas comunidades, afirmam caciques. Um deste casos é o de Cristian Tupã Martins, de 20 anos, assassinato no dia 13 de março no município Itaipulândia. Na próxima semana o homicídio completará um mês e, mesmo com autoria conhecida, nada foi feito em relação ao acusado.

Segundo a polícia, o assassinato teve motivação passional. Conforme as apurações, o indígena estaria tendo uma relação com uma mulher não indígena. Cristian foi morto a facadas pelo ex-companheiro da mulher que estaria se relacionando. O jovem Avá-Guarani morava na Aldeia Aty Mirim, na área rural de Itaipulândia. “Nós queremos justiça. A polícia sabe quem matou meu sobrinho, sabe onde ele mora, mas até agora segue tudo parado”, afirma Natalino Peres, cacique de Aty Mirin.

Tio da vítima, Peres afirma que chegou até a comunidade a informação que o autor do crime se apresentaria à delegacia com seu advogado. “Ficamos sabendo que ele vai se apresentar com o advogado e ainda saíra pela porta da frente da delegacia. É isso que não queremos, queremos que ele seja punido”, diz a liderança da aldeia.

Segundo o cacique, a pandemia do coronavírus tem sido utilizada pelas autoridades para justificar a morosidade na investigação do caso. “Sabemos que muita coisa parou na cidade por causa dessa doença, mas a questão da justiça não pode parar. Fico imaginando se fosse um juruá (não-indígena) a vítima, acredito que já estariam correndo atrás do autor”, afirma Peres.

Santa Helena

Também no Oeste do Paraná, só que no município de Santa Helena, a Polícia Civil prendeu nesta semana os autores do assassinato de um outro Avá-Guarani. Quatro pessoas foram presas acusadas da morte do indígena Vírginio Tupã Benites, de 24 anos, e de terem agredido os também indígenas Félix Benites, Lairton Vaz e Everton Ortiz.

O motivo do crime, segundo a polícia, foi que o indígena teria urinado na frente da residência de um dos acusados ao sair de um estabelecimento comercial. Ele foi morto a golpes de facão e ainda teve uma motocicleta roubada. Nesta segunda-feira (6), a Polícia prendeu três homens acusados do assassinato e uma mulher acusada de receptação da motocicleta.